O
CENÁRIOS dessa semana foi conversar com o pessoal da banda "OS MORCEGOS" da cidade de
Alvinópolis. Deve ser um dos conjuntos de maior longevidade no Estado de Minas
Gerais, quiçá do Brasil. Tocam o fino da Jovem Guarda e também repertório
atualizado. É uma banda mítica de Alvinópolis, que influenciou vários artistas que vieram
depois. Vamos, então, à entrevista.
MM:
Vcs tem mais de meio século de história. Já pesquisaram pra saber se são uma
das que tem mais tempo em atividade? Olha o Guiness book hein?
OS
MORCEGOS: Acreditamos que seja uma das mais antigas até do Brasil ainda em
atividade. Neste quesito, do qual não podemos ter modéstia (rsrsrs), talvez
concorramos com Renato e seus Blue Caps. E internacionalmente, podemos perder
somente para os Rolling Stones. RSRSRS. . Há também que se destacar que s
Morcegos abriram caminhos para várias bandas que surgiram em Alvinópolis, no
fim da década de 60 e início dos anos 70.
MM:
Quando e como surgiu a ideia e o nome da banda?
OS MORCEGOS:: "OS MORCEGOS" é um
Conjunto Musical criado entre o segundo semestre de 1.965 e o primeiro semestre
de 1.966. A ideia surgiu quando o então pároco da cidade, Olau de Sales Filho,
muito dinâmico, contratou para um Show no Cine Providência, o conjunto "
OS ABUTRES ". O Show "balançou" a cidade. Os Abutres, era uma
famosa banda de Belo Horizonte. Sobre o nome, num ensaio, à noite, no Cine
Providência, que ficava perto da Igreja Matriz, uns morcegos fizeram uns
sobrevôos no palco, de onde o José Silvério teve a ideia, sugeriu e foi aceita
a denominação de OS MORCEGOS, para a banda.
MM: Quais foram as dificuldades
encontradas pra formar a banda e como foram superadas?
OS MORCEGOS:
As
dificuldades foram muitas, a maior delas, os equipamentos, dos quais não dispúnhamos.
Elas foram superadas contando com a boa vontade do Pe Olau e do Sr. Júlio
Batista Papa, que nos cederam o equipamentos para as primeiras apresentações. Não
podemos nos esquecer de que ninguém tinha formação musical, e os que tocavam
algum instrumento, era pelo dom artístico, sem experiência de palco,
exceto, Paulo César,Vidrilho (José
Silvério), Franquinho e Lete, que chegaram a tocar com a Orquestra Líderes do
Ritmo, comandada pelo Sr Júlio Papa.
MM: Como foi que adquiriram os primeiros
instrumentos? Como eram?
OS MORCEGOS:
O
então baixista Vicente Trindade, se dispôs a comprar a guitarra solo. O Lete,
fez um empréstimo de determinado valor (sem data de vencimento, porém com
juros, exigência nossa) para que déssemos a entrada num futuro financiamento,
para compra de grande parte dos equipamentos. Compramos uma bateria usada, em
Carneirinhos, e complementamos com os cedidos pelo Pe.Olau. Um detalhe peculiar:
pela falta de grana, alguns membros da banda chegaram a montar uma guitarra com
o corpo construído artesanalmente. Penávamos na afinação da dita cuja. E uma
curiosidade: a primeira guitarra a entrar em Alvinópolis, uma Giannini com o
corpo vermelho e branco comprada pela Líderes do Ritmo, e que chegou a nos ser
emprestada, está hoje como o Neguinho. Uma raridade.
MM: E as aparelhagens de som? Quem
comprou? E quando davam defeito, como faziam pra consertar? E cordas para os
instrumentos e outros?
OS MORCEGOS:
– Humberto,
juntamente com o Sr Júlio Papa, foi a BH, na Mesbla, com o prestimoso aval do
Sr. Carlos Fernando Rodrigues, e adquiriram grande parte da aparelhagem.
Possíveis defeitos eram corrigidos pelo técnico Duia, na cidade de DomSilvério.
MM: Qual era a formação original? Quem
permanece na banda até hoje, desde a primeira formação. Quem passou pela banda
até hoje e qual a formação atual?
OS MORCEGOS:
-
Sebastião do Nascimento (Tão, de Ruão – in memoriam), na guitarra solo, eu, Humberto
Drumond, na guitarra base, Vicente Trindade, no contrabaixo, Paulo César, na
bateria, José Silvério, no sax, Franklin e Lete, como cantores, e José Carlos,
na apresentação. Da primeira formação, temos hoje, José Silvério, Paulo Cesar e
Humberto Drumond. O Neguinho entrou em 1968, permanece até hoje e nós o
consideramos como se fosse da primeira formação.O Sr. Júlio Papa teve passagem
com piston.In memorian, passaram: Paulo Rodrigues (piston), Dojão (trombone de
vara), e Chico Policarpo (sax), estes últimos oriundos da
Orquestra Líderes do Ritmo e da Banda Santo Antônio. E não nos esquecendo do
saudoso Melro, que nos acompanhava nas apresentações e shows
MM: Como e onde vcs ensaiavam? Onde
ensaiam hoje em dia?
OS MORCEGOS:
Ensaiávamos
no Cine Providência, e hoje, em parceria com a Banda Santo Antonio, ensaiamos em
suas dependências. Quando resolvemos
voltar a tocar, no início de 2014, após 45 anos, fizemos da casa do Neguinho,
nosso QG. Aliás, deve ser ressaltado que este retorno se deve muito ao Neguinho,
e também ao impulso que nos foi dado, quando fizemos, juntamente com o Verde
Terra e outros músicos, o Primeiro Feito em Casa, em parceria com a Prefeitura,
num evento de grande repercussão. Antes de fazermos a parceria com a Banda
Santo Antônio, chegamos a alugar um espaço na sede do ISC. Vale registrar que
até mesmo para se “tirar” uma música era complicado, pois não havia acesso a
publicações com as letras e cifras, nem xerox, nem nada. Então tínhamos que
ouvir a música, escrever a letra e depois colocar a nota musical em cada parte
da letra.
MM: Na época antiga, havia uma cena
musical em Alvinópolis? Havia festivais em que a turma se juntava para tocar
juntos?
MORCEGOS - Não. A não ser a Orquestra Líderes do Ritmo, da qual já
mencionamos, tocando em bailes. Os festivais da canção vieram depois, creio que
a partir da segunda metade da década de 70, mas que teve a participação do
Neguinho, juntamente com David de Cindinha, o primeiro, nas dependências do Colégio.
MM: A banda era boa para arrumar
namoradas? Os morcegos eram namoradores?
OS MORCEGOS:
Era
´´otima” - rsrsrsrs. Namorávamos bastante rsrsrsrs....mas o fã clube não se
limitava a Alvinópolis, mas nas várias cidades que chegamos a tocar.
MM: Qual era o papel de José Carlos de Lírio
na banda?
OS MORCEGOS:-
Apresentador e animador.Ficava com a melhor
parte: “conversando” com as fãs, durante os bailes.
MM: Qual foi o show inesquecível?
OS MORCEGOS
- Quando
ganhamos o Festival de Jovem Guarda em Carneirinhos, disputando dentre muitos
Conjuntos, com "OSBRASAS", de S Paulo, onde fomos
"APEDREJADOS" com balas e bombons. Até descobrirmos que a plateia
estava jogando balas e bombons, todos nós ficamos achando que fossem pedras,
por não estarem gostando. Mas foi o contrário, e acabamos ganhando o festival.
Ah! E chegamos a emprestar nosso baixo para Os Brasas, pois o deles havia
arrebentado alguma corda, ou algo assim.
MM: Vocês se apresentavam muito em outras
cidades? Interagiam com músicos de fora?
OS MORCEGOS:
Além
de BH/Capital, inúmeras cidades pelos rincões das Gerais. Podemos citar, dentre elas: Ipatinga, Marliéria, João Monlevade São
Domingos do Prata ,Capim Branco, Santa Bárbara, Barão de Cocais Ervália, Rio
Doce, Coimbra e São Pedro dos Ferros. A aceitação era tanta que tocamos 21
vezes em Carneirinhos e 19 vezes em São Domingos do Prata. Uma curiosidade:
nunca tocamos em Dom Silvério, creio eu por causa da tola rivalidade que
existia na época, o que, felizmente, não mais existe. Esperamos por um convite
pra tocar lá. A interação com outros músicos de fora era muito difícil, pois os
meios de comunicação eram muitos restritos, restringindo-se quase que
exclusivamente as cartas via correio postal.
MM: Qual é o segredo da longevidade da
banda? Quando tempo mesmo de Morcegos? Conhecem algum conjunto com mais tempo
de atividades?
OS MORCEGOS:
Amor à música. E também a amizade e respeito que há entre
seus membros, inclusive com os novos integrantes, Thiago (violão e vocal),
Maurinho (teclado), e com a dupla Ronildson (guitarra solo e vocal) e Nely
(vocal). Todos são alvinopolenses, exceto a Nely, que já é assim considerada. Aliás,
este novos integrantes vieram revigorar a banda, tanto em qualidade como pela
possibilidade de tocar músicas da atualidade e forrós, essenciais para um bom
baile. Como dissemos no início da entrevista, no quesito longevidade não somos
modestos, pois ainda em atividade frequente somente Renato e Seus Blue Caps e
os Rolling Stones. Rsrsrsrs
MM: Todos os Morcegos são bem resolvidos
na vida e não precisam de cachê para sobreviver. O dinheiro que vcs arrecadam,
reinvestem em equipamento?
OS MORCEGOS:
Sim.
Entretanto, os novos integrantes têm o cachê como um adicional para
sobrevivência. Infelizmente, nem sempre conseguimos um bom cachê, não somente
pela não valorização dos músicos, pelos contratantes, mas também por causa da
concorrência do “kit” voz/violão/teclado e sampler. Até hoje, após pagar o
cachê dos novos integrantes, tudo que recebemos foi reinvestido em
equipamentos, além de uma contribuição pecuniária que os morcegossauros fazem
mensalmente.
MM: Vocês mantém a fórmula de tocar só
Jovem Guarda ou atualizaram repertório? Se o contratante quiser um show só de
jovem guarda, vcs tem repertório pra isso? O que vcs tocam hoje em dia?
OS MORCEGOS:
Não,
Jovem Guarda é nossa linha, nosso perfil, mas nosso repertório é eclético e
temos um "ESTOQUE" suficiente para qualquer eventualidade. Além dos
sucessos nacionais e internacionais dos anos 60/70/80, estamos tocando também
músicas mais atuais, inclusive forrós e boleros, essenciais para um bom baile.
Assim, seja para um baile ou para um show, estamos prontos pra tocar o que o
contratante desejar.
MM: Quais os planos futuros? Não acham
importante entrar em algum estúdio e deixar um registro da qualidade de vcs?
OS MORCEGOS:
Sim.
Tocar, tocar, tocar, até quando Deus quiser. As
dificuldades para entrar num estúdio são grandes, mas esperarmos poder, a
qualquer hora, fazer um registro da Banda Os Morcegos.
MM:
A apresentação de vcs é uma aula de amor à música e ao prazer de levar
felicidade às pessoas. Quem quiser contratar Os Morcegos deve ligar para qual
telefone? Deixem contato, email, etc para quem quiser OS
MORCEGOS para o seu evento.
OS
MORCEGOS - Whatsapp: (31) 9.9305-0710 - ( Paulo César)