segunda-feira, 7 de abril de 2025

RESENHA DO LIVRO "ERRANDO POESIA" de Marcos Lizardo.

 


POETA 24 HORAS

Antes de falar do livro, preciso falar um pouco do seu autor, Marcos Lizardo. O conheci por intermédio da atriz e produtora Carla Lisboa que sempre falava do Marcão pra cá, Marcão pra lá. Eu ficava querendo saber quem era aquele barbudo. O conheci na época do Sarau Poético do 7 Faces. E mais recentemente fui ao lançamento de seu livro ERRANDO POESIA na CASA DE CULTURA de João Monlevade. Ver o Lizardo em ação, falando de seu fascínio pelo objeto livro, vendo o brilho em seus olhos, me lembrei de outros poetas que conheço, poetas de tempo integral, até pra escrever no zap, mandam mensagens encantadas. Lizardo é poeta em tudo que faz. É ártifice de palavras, de pinturas, de artesanato, de ideias. É paulista, bebeu da água da paulicéia desvairada, com aquele pragmatismo todo e fincou pé em Monlevade, onde a mineirada costuma receber bem. Foi um casamento poético que se deu pelas palavras. Casou-se literalmente com a cidade e com uma Monlevadense também artista, e montou o coletivo Atreslié, virou ativista cultural e marca presença na maioria dos eventos culturais da cidade.

                                                      A RESENHA

Vou fugir do estilo tradicional, de dissecar, analisar. Vou pela via do encadeamento de ideias a partir de uma releitura do livro. O nome já é sugestivo...”Errando Poesia”. Errar é o que nos faz humanos. Errar poesia me lembra aquela letra do Marcelo D2, “a busca da batida perfeita”. Antes de chegar a essa batida perfeita vem a disritmia, compassos desencontrados, notas fora do lugar, desafinações. Só errando pra depurar, tentativa e erro. Para o Lizardo, o poeta anda a esmo na beira do Precipício. Mexe com a palavra como quem enfia a mão num vespeiro. Tem na poesia uma arma alquímica, materializando sentimento encarnado. Demonstra vontade de gravar na pedra sua relevância. Não é fácil ser fóssil. Sente a dor e entesoura palavras. Em sua saga, vai brincando com a vida, que brinca e que fere. E advem a solidão que não cabe nesse mundo. Abre a torneira e deixa aberta até acabar a agua. Pensando bem, melhor fechar a torneira. Se bem que se transbordasse poesia, seria uma providencial asfixia. Prefere as palavras fáceis. Trafega entre o otimismo e o desencanto. Faz poesia sem descanso. Por que não suporta o silêncio que não faz. A vida, sempre por um triz. Choremos pelo medo que paralisa. É cedo pra fugir, ainda que a solidão seja uma guerra. Talvez a poesia seja, tudo que na vida sobeja. Uma palavrada na cara. Pra que pressa? Se a morte é o final do caminho? Se a morte é certa e a vida incerta? É preciso coragem pra tocar o fogo...e tocar fogo na alma. E queimar nos infernos particulares. O menino domado pela vida cruel, sofre confinado numa vida comum. Precisamos sentir, antes de saber. Quem sente sabe e nem sempre quem sabe sente. Cumpre-nos odiar a falta de amor. Afinal, o amor não tem medo nem vergonha. Gera poemas e cartas de amor ridículos. Viver é olhar com persistência com os olhos do espírito. Mesmo estando longe de tudo que não somos mais, somos o que flui e que se esvai. Porvir na medida em que se faz. Os espaços estão preenchidos, tudo lotado. Ainda bem que é delírio. Se acordarmos, morremos. Tudo passa e os infernos são internos. Suportamos e as vezes perpetuamos os maus tratos As fotos vão amarelando até sumirem e virarem pó. Ninguém conhece os tataravós. Todos mortos e cancelados nas profundas camadas. O tempo é senhor do esquecimento. Nossas fraquezas são como o queijo da ratoeira. Cada um é seduzido por iscas diferentes. Sidartas suicidas morrem de alumbramento. Sobre a natureza das coisas, precisamos descoisificar pra reequalizar. O que resta é o amor louco e a esperança tola. Qual Dom Quixote e seus Sanchos. O poeta faz uma ode à sua casa, seu casulo, suas coisas, suas família, seus gatos, seus livros, tintas e finaliza com uma poesia-pergunta: o que faremos? Resposta fácil: continuaremos errando poesia...


quinta-feira, 13 de março de 2025

A NOSTALGIA DA MATERIALIDADE

A música sempre foi mais do que som. Música é memória, é história. Até um tempo atrás era um objeto que a gente segurava, colecionava e guardava com carinho. Quem viveu a época dos vinis, fitas K7 e CDs sabe que ouvir música era uma experiência que envolvia todos os sentidos. Havia o ritual de escolher o álbum na loja, passar os dedos pela capa, ler as letras no encarte e, finalmente, colocar o disco no toca-discos ou a fita toca-fitas. Era uma relação quase íntima com a música.Hoje, com o streaming, a praticidade é inegável. Milhões de músicas estão a um clique de distância, mas essa facilidade veio com um preço: a materialidade desapareceu. A música virou algo etéreo, intocável, sem peso ou forma. Para muitos, essa falta de algo palpável deixou um vazio. Afinal, como guardar uma lembrança de algo que não existe fisicamente? Como presentear alguém com uma playlist?Essa nostalgia da materialidade tem movido artistas, designers e fãs a repensarem como a música pode ser vivida e compartilhada. Não se trata apenas de voltar ao passado, mas de criar novas formas de conectar o físico ao digital. Será que isso é possível? Imagine, por exemplo, um pen drive em formato criativo. Além de armazenar músicas, ele pode vir com conteúdo exclusivo, como fotos, vídeos e outras ações criativas, transformando um simples objeto em uma experiência multimídia.Se a ideia é monetizar ou chamar atenção para o trabalho musical, camisetas com capas de álbuns estampadas, com frases de músicas icônicas ou até mesmo livros físicos que contam a história por trás das canções são formas de manter a música viva no cotidiano. E há espaço, claro, para o resgate de objetos nostálgicos com funcionalidades modernas. Já vi uma radiola com toda a aparência de coisa antiga mesmo, mas que, em vez de fitas, reproduz músicas de um pen drive ou via Bluetooth. Esses objetos podem servir como decoração, item de coleção e, ao mesmo tempo, conectar-se ao mundo digital. Um paleativo né? Eventos ao vivo, com versões diferenciadas, acústicas ou elétrificadas, feats, conversas com fãs, lives, feiras e festivais são formas de reconstruir essa conexão. A música é, afinal, uma arte que envolve todos os sentidos.De qualquer forma, enquanto o streaming continua a dominar o mercado, há um movimento crescente de pessoas que buscam resgatar ou reinventar a materialidade da música. Seja através de objetos criativos, experiências interativas ou edições especiais, o desafio é encontrar um equilíbrio entre o passado e o futuro, entre o analógico e o digital. Afinal, a música não é apenas som – é memória, é história, é algo que merece ser sentido e guardado.E você, o que guardaria da música que ama? Um vinil, uma camiseta, um livro ou algo que ainda está por ser inventado? A nostalgia da materialidade nos lembra que, mesmo em um mundo digital, ainda há espaço para o que podemos tatear, segurar com as mãos e guardar no coração.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

LANÇAMENTO ERRANDO POESIA - MARCOS LIZARDO

Imaginem um sujeito que respira poesia 24, que fala poetês, pensa poetês, que exala poesia pelos poros, que deixa atrás de si um rastro de letras e signos. Este é Marcos Lizardo. Eu conheço  alguns poetas no mesmo naipe. Eu poderia citar Remisson Aniceto, de Nova Era. Poeta 24 horas. Ilderaldo Ferreira, de Alvinópolis é poeta 24horas e tem um itabirano chamado Cleber Carmagos que é outro. Conversa de whatsapp com ele torna-se um repente poético.
Mas voltando ao Lizardo, vim de BH exclusivamente pra prestigiar o lançamento de seu primeiro livro físico intitulado ERRANDO POESIA.Título provocativo, instigante. Lembrei daquele disco do Lobão: o ROCK ERROU. A poesia do Lizardo também errou. Mas errar é só com os humanos. quase atestado de humanidade. Já dei uma primeira scaneada no livro. E não deu outra: poesia siderada, vivenciada, ruminada, amassada e coada pra gente curtir.Muitos diamantes escondidos pra quem gosta dos enigmas que só os poetas sabem tramar. 

Amei estar, na presença do Lizardo, de sua esposa, também artista plástica, que carrega água na peneira pra ele e vice-versa. Tive oportunidade de conhecer  o Binho, que trabalha na casa de cultura, muito prestativo e cheio de ideias. Foi uma noite muito prazerosa, no meio de muita gente boa.

Em breve pretendo lançar a série VISLUMBRES, com teasers abordando poemas dos poetas próximos. E a primeira edição vai ser do ERRANDO POEZIA...ó...errei...!!!

sábado, 11 de janeiro de 2025

BLADE RUNNER, UM FILME PROFÉTICO

Falo do BLADE RUNNER mais antigo, não do atual 2049, que foi um arremedo. Os grandes escritores de ficção científica foram profetas. Embora que as profecias tem uma dosagem de misticismo. Então, melhor encararmos como predições mesmo, tendências ou TRENDS. Claro que são histórias imaginadas, romanceadas, mas é impossível dissociar. Pois bem. BLADE RUNNER é um filme que nos remete a algo que pode acontecer num futuro próximo. Estamos prestes a alcançar o AGI, a autonomia das máquinas. A partir desse ponto, pode ser que as próprias máquinas resolvam construir organismos mais sofisticados, talvez com aspecto humano como no caso do BLADE RUNNER. Uma vez vivos e operantes, podem no futuro conviver conosco, no dia a dia, ombro a ombro nas ruas, até em nossas casas, com boas doses de humanismo. Parece ser uma lógica as criaturas emularem os criadores. No filme de Ridley Scott a partir do Romance de Philip K. Dick, no futuro haverão andróides tão parecidos com os seres humanos, que fica difícil identificar quem é humano e quem é Android. E como é identificada uma conspiração das máquinas, os Androids começam a ser caçados e exterminados. É um filme fantástico, seguramente um dos melhores qe impactantes que já assisti. Pois bem. A gente começa a ver robôs humanóides sendo fabricados pela empresa de Elon Musk e também na China. Seus fabricantes prometem que esses robôs vão fazer de tudo. Desde trabalhos domésticos simples como limpar, arrumar cozinha e cozinhar até serviços de pedreiro ou carpintaria. Para diversas finalidades. Até amantes virtuais são anunciados. Musk prevê que nos próximos anos esses “assistentes robóticos” serão comuns como qualquer ferramenta e equipados com IA. Desenvolverão autonomia. Saberão exatamente o que fazer e executarão tarefas sem serem demandados. Por responsabilidade deduzida. Só que esses robozinhos ainda estão longe de se parecerem realmente com seres humanos. São caricaturas. Mas imagino que ganharão sofisticações no design e nas funcionalidades, se aproximando a cada dia do design humano, que não conseguirmos diferenciar quem é humano ou quem é robot. Como no filme BLADE RUNNER. para exploração espacial por exemplo, poderão ser enviados andróides, que não precisam respirar nem se alimentar, mas se recarregar. E já tem gente imaginando a imortalidade. A pessoa que estiver próxima de morrer, transfere sua consciência para um androide e continua vivendo num corpo cyber. O problema é que todo animal escravizado é submetido pela força. Mas o escravizado sempre almeja liberdade e vingança. É assim para quase tudo que vive. Mas será que podemos chamar a IA de VIDA? Será? Enquanto a gente pensa, vou deixar para vocês uma música de uma da REPÚBLICA DOS ANJOS chamada BLADE RUNNER que filosofava a respeito. Vejam se gostam. https://www.palcomp3.com.br/republicadosanjosold/blade-runner/