No grupo "Viva 381" do Facebook rolou
uma discussão muito interessante sobre a BR. Venho reclamando há tempos que
os governos sempre adiam a danada da duplicação. Mas começam a aparecer pessoas
que defendem a ideia de que o principal problema é a imprudência. Esta semana
um debatedor, o Luthier Victor Vianna, fez algumas considerações interessantes.
Ele afirmou que a BR está em excelente estado de conservação, com asfalto sem
buracos e bem sinalizada. Ele diz cortar a BR direto de moto e parece ter grande
conhecimento a respeito. Segundo sua avaliação, o principal problema é mesmo a
imprudência. Ainda do seu jeito irreverente e sarcástico, ele sugere o
seguinte: que seja adotada uma medida de educação no trânsito a partir de
punições severas, instalação de dezenas de unidades policiais ao longo da
rodovia em pontos estratégicos, que permitam a fiscalização severa, que seja
feito o cumprimento da lei incluindo multas pesadas, pontuação na carteira e
transtornos da ordem de retenção de CNH, o que faria com que o condutor tivesse
mais despesas e dor de cabeça com reboque, uma vez que não poderia mais sair
dirigindo o veículo com a CNH retida. Talvez sejam necessárias pequenas
alterações no Código de Trânsito Brasileiro para a efetividade de uma ação como
essa. Seria a chamada Educação Punitiva. O Victor é radical e não acredita em
discursos bonzinhos, em campanhas light cheias de palavras bonitas. Pra ele o
que funciona é o sujeito aprender pela dor e com prejuízo no bolso. Realmente a
questão educacional no Brasil é muito mais profunda do que se pode imaginar.
Não é só escola com carteiras, livros e quadro negro ou branco. É quase uma
questão de adestramento para a civilidade. Não podemos nos esquecer que somos
animais... uns mais que os outros. O Victor também pensa que não podemos
debitar tudo na vida ao governo. É uma mania nacional mesmo, em todas as
instancias (o sujeito joga o lixo na rua e pensa: - Ah, quem tem de cuidar
disso é a prefeitura). Não é a rodovia que mata, mas as pessoas que não a
utilizam da maneira correta. Eu gostaria de ouvir outros técnicos, psicólogos,
sociólogos, outras perspectivas. Existem questões psicológicas envolvidas. O
sujeito que tem um carro que faz 240 km por hora fica doido pra testar os
limites. Tem pessoas que são ansiosas além da conta. Além do mais, existem as
pulsões paranóides, os suicidas em potencial, todos soltos com roletas russas.
Só que vão pro inferno e levam gente inocente junto. Mas como disse o Victor,
imprudência e diabetes não tem cura, mas podem ter controle. O sujeito às vezes
não tem medo de morrer, mas tem medo de multa. Então, educação punitiva pode
ser realmente a melhor alternativa. Não podemos nos esquecer que além da
imprudência, acontecem as imperícias. Aí advém outra questão. A lógica
capitalista. Mil montadoras se instalaram no país. É imperativo vender
automóveis pra girar a economia. A indústria das carteiras também é uma
realidade. E é claro que a lógica capitalista continuará se impondo. Neste
sentido, como a prioridade é vender carros, melhor não haver muita
fiscalização, pois pode inibir o consumo. Imagino quantos lobbystas da
indústria automobilística existem no congresso. Pra completar o quadro, quase
ninguém se considera inapto. O sujeito aprende a fazer uma baliza e já se acha
foda. Mas dirigir em BR é outra história. Rogério Rosa também faz um comentário
interessante. Uma coisa que justifica a duplicação é o progressivo número de
veículos e os constantes engarrafamentos em função de defeitos nos caminhões e
outros veículos. Aliás, o tanto que os caminhões caem nas valetas é uma festa.
Na última viagem que fiz haviam 3 caminhões de rodas para o ar. Já li em muitas
reportagens que os acidentes acontecem com mais frequência em alguns trechos da
rodovia. Então algumas ações pontuais podem ajudar a diminuir os acidentes. Uma
delas seria fazer um do-in, estudar os pontos de maior incidência e proceder
algumas corretivas. Outra seria instalar barreiras de proteção em alguns pontos
de maior incidência de choques frontais. Imagino que a Polícia Federal tenha
essas estatísticas. Mas enquanto vou escrevendo, a turma vai debatendo na
internet e chegou mais uma mensagem do Victor Vianna. Ela diz o seguinte: Se
todo mundo dirigisse de forma prudente, não aconteceriam mais as ocorrências
que fariam necessárias as obras de duplicação, retraçado e barreira física
central, haja vista que essas obras serviriam para remediar os acidentes
causados pela imprudência. Sem imprudência não há acidente, e sem acidente, não
há necessidade de realizar nenhuma obra. Então tá certo, Victor Vianna. Vamos
por essa linha. Moralizar a BR 381 deve ser a meta. De tudo isso conclui-se que
o que está faltando é atitude. Se o governo realmente quiser, com uma mudança
de atitude, radicalizando a fiscalização, multando com rigor e tomando as
carteiras dos loucos da estrada, rapidinho diminuirão. Resta saber se haverá
vontade política pra isso. O que foi feito até hoje não deu resultado. Duplicar
tá cada vez mais distante. A Educação Punitiva então se apresenta como o
possível num curto espaço de tempo. Outros amigos passaram ideias
interessantes. Um pouco antes de fechar, meu amigo Weber levantou uma questão
interessante. Se o limite de velocidade no país é de 120, como é que os
velocímetros dos carros vão até 240? Não deveriam vir limitados de fábrica? Os
limites podem variar ao longo de uma mesma rodovia, de acordo com as
características de cada trecho. Trechos em declive ou com curvas perigosas
geralmente impõem limites de velocidades de 80 km/h ou, em alguns casos, 60
km/h. É o caso da nossa 381. Mas vai convencer um cara com um Corolla que ele
tem de andar dentro do limite. Mas o assunto é polêmico mesmo e demanda muita
discussão. Que tal o pessoal da Polícia Rodoviária, da sociedade civil
organizada, SEVOR, DNIT, a bancada da 381, AMEPI, entre outras, se sentarem pra
conversar à respeito?
Se houvesse a opção curtir no Blogspot, certamente teria clicado nela, ótima visão sobre o problema da 381.
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