Um livro
recorrente em minha vida é o profético 1984, do visionário George Orwell. Ele
previu um futuro sombrio para o ano de 1984, quando todos seriam vigiados e as
coisas estariam sobre o controle de um líder conhecido como Big Brother. (o
livro inspirou o programa televisivo).
Vou ater-me
a maneira como eles lidavam com o ódio.
Todos os
dias as pessoas eram obrigadas, antes das refeições, a assistir filmes
mostrando cenas dos inimigos do estado e depois da exibição e até durante, as
pessoas deviam manifestar seu ódio ao inimigo, xingar, desabafar.
Era ao
mesmo tempo um descarrego e uma lavagem cerebral.
Os
inimigos estavam sempre mudando, mas as pessoas nem percebiam. Elas gostavam é
de xingar a valer na chamada “hora do ódio”.
A profecia
não se fez exatamente em 1984...mas será que foi apenas um erro de 30 anos?
Não é que
a ficção está virando realidade?
Será que
existe um Big Brother nos controlando?
Hoje a “hora
do ódio” tá rolando é na internet.
Vejo uma
galera destilando veneno, disparando petardos de ódio, incitando à violência, praticando
a intolerância, o preconceito, todo o esgoto dos sentimentos humanos.
Será o
ódio sentimento inato da humanidade, necessário para a sanidade das pessoas?
Embora as
pessoas expressem que almejam a bondade, há sintomas que nos fazem duvidar da
propensão para o bem.
Precisamos
de alvos para os nossos ódios e ficamos procurando Judas pra malhar.
Precisamos
de times de futebol e seus adversários pra malhar.
Precisamos
torcer pra algum lado e odiar o outro.
Precisamos
de um partido político e todos os outros para odiar.
Precisamos
de uma ideologia e das outras para odiar.
Precisar
de um Deus e todos os outros pra profanar e odiar.
As
mulheres odeiam todas as outras mulheres bonitas, rivais em potencial.
Os países
precisam de inimigos pra odiar e guerrear se possível.
A coreia
do norte precisa da do sul pra odiar.
Mas o
ódio pelo ódio?
Veneno no
ventilador?
Talvez
fosse melhor recorrer à masturbação ou dar margem à sexualidade reprimida.
Os games
também ajudam ou talvez algum artifício químico.
Em outro
livro profético “Admirável Mundo Novo”, o escritor Audous Huxley, falava de um futuro em que foi criada uma
droga perfeita que não causava mal algum, nenhum efeito colateral, mas que
deixava as pessoas tranquilas, sem tanta pressão capitalista.
O nome da
droga era SOMA.
É isso.
Tomamos partido demais. Estamos precisando é de soma. Mas é uma droga ainda não
inventada e mesmo que alguém inventar, será considerada ilícita pelo lobby das
lícitas, que não vão querer concorrentes. Também será combatida pela indústria
militar, maior patrocinadora do ódio.
Eu também
tenho minhas indignações, as vezes raivosas, mas não são sinônimas de ódio.
Muitas vezes as indignações são legítimas, a tal ira santa de que falava
Teotônio Vilela . Quando a indignação é legítima, pode ser um importante motor
e nos mover a agir por justiça.
Mas e
quando os sentimentos de ódio não são justificados?
Será que
alguém precisa de justificativa pra odiar?
Sei não.
Acho que pra muita gente, o ódio é diversão.
São os odiotas...Acho que pra muita gente, o ódio é diversão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário