sexta-feira, 18 de outubro de 2019

OS MORCEGOS, UMA DAS BANDAS MAIS LONGEVAS DO BRASIL


O CENÁRIOS dessa semana foi conversar com o pessoal da banda "OS MORCEGOS" da cidade de Alvinópolis. Deve ser um dos conjuntos de maior longevidade no Estado de Minas Gerais, quiçá do Brasil. Tocam o fino da Jovem Guarda e também repertório atualizado. É uma banda mítica de Alvinópolis, que influenciou vários artistas que vieram depois. Vamos, então, à entrevista.

MM: Vcs tem mais de meio século de história. Já pesquisaram pra saber se são uma das que tem mais tempo em atividade? Olha o Guiness book hein?

OS MORCEGOS: Acreditamos que seja uma das mais antigas até do Brasil ainda em atividade. Neste quesito, do qual não podemos ter modéstia (rsrsrs), talvez concorramos com Renato e seus Blue Caps. E internacionalmente, podemos perder somente para os Rolling Stones. RSRSRS. . Há também que se destacar que s Morcegos abriram caminhos para várias bandas que surgiram em Alvinópolis, no fim da década de 60 e início dos anos 70.

MM: Quando e como surgiu a ideia e o nome da banda?

OS MORCEGOS:: "OS MORCEGOS" é um Conjunto Musical criado entre o segundo semestre de 1.965 e o primeiro semestre de 1.966. A ideia surgiu quando o então pároco da cidade, Olau de Sales Filho, muito dinâmico, contratou para um Show no Cine Providência, o conjunto " OS ABUTRES ". O Show "balançou" a cidade. Os Abutres, era uma famosa banda de Belo Horizonte. Sobre o nome, num ensaio, à noite, no Cine Providência, que ficava perto da Igreja Matriz, uns morcegos fizeram uns sobrevôos no palco, de onde o José Silvério teve a ideia, sugeriu e foi aceita a denominação de OS MORCEGOS, para a banda.

MM: Quais foram as dificuldades encontradas pra formar a banda e como foram superadas?

OS MORCEGOS: As dificuldades foram muitas, a maior delas, os equipamentos, dos quais não dispúnhamos. Elas foram superadas contando com a boa vontade do Pe Olau e do Sr. Júlio Batista Papa, que nos cederam o equipamentos para as primeiras apresentações. Não podemos nos esquecer de que ninguém tinha formação musical, e os que tocavam algum instrumento, era pelo dom artístico, sem experiência de palco, exceto,  Paulo César,Vidrilho (José Silvério), Franquinho e Lete, que chegaram a tocar com a Orquestra Líderes do Ritmo, comandada pelo Sr Júlio Papa.

MM: Como foi que adquiriram os primeiros instrumentos? Como eram?

OS MORCEGOS: O então baixista Vicente Trindade, se dispôs a comprar a guitarra solo. O Lete, fez um empréstimo de determinado valor (sem data de vencimento, porém com juros, exigência nossa) para que déssemos a entrada num futuro financiamento, para compra de grande parte dos equipamentos. Compramos uma bateria usada, em Carneirinhos, e complementamos com os cedidos pelo Pe.Olau. Um detalhe peculiar: pela falta de grana, alguns membros da banda chegaram a montar uma guitarra com o corpo construído artesanalmente. Penávamos na afinação da dita cuja. E uma curiosidade: a primeira guitarra a entrar em Alvinópolis, uma Giannini com o corpo vermelho e branco comprada pela Líderes do Ritmo, e que chegou a nos ser emprestada, está hoje como o Neguinho. Uma raridade.

MM: E as aparelhagens de som? Quem comprou? E quando davam defeito, como faziam pra consertar? E cordas para os instrumentos e outros?

OS MORCEGOS: – Humberto, juntamente com o Sr Júlio Papa, foi a BH, na Mesbla, com o prestimoso aval do Sr. Carlos Fernando Rodrigues, e adquiriram grande parte da aparelhagem. Possíveis defeitos eram corrigidos pelo técnico Duia, na cidade de DomSilvério.

MM: Qual era a formação original? Quem permanece na banda até hoje, desde a primeira formação. Quem passou pela banda até hoje e qual a formação atual?

OS MORCEGOS: - Sebastião do Nascimento (Tão, de Ruão – in memoriam), na guitarra solo, eu, Humberto Drumond, na guitarra base, Vicente Trindade, no contrabaixo, Paulo César, na bateria, José Silvério, no sax, Franklin e Lete, como cantores, e José Carlos, na apresentação. Da primeira formação, temos hoje, José Silvério, Paulo Cesar e Humberto Drumond. O Neguinho entrou em 1968, permanece até hoje e nós o consideramos como se fosse da primeira formação.O Sr. Júlio Papa teve passagem com piston.In memorian, passaram: Paulo Rodrigues (piston), Dojão (trombone de vara), e Chico Policarpo (sax), estes últimos oriundos da Orquestra Líderes do Ritmo e da Banda Santo Antônio. E não nos esquecendo do saudoso Melro, que nos acompanhava nas apresentações e shows
 
MM: Como e onde vcs ensaiavam? Onde ensaiam hoje em dia?

OS MORCEGOS: Ensaiávamos no Cine Providência, e hoje, em parceria com a Banda Santo Antonio, ensaiamos em suas dependências.  Quando resolvemos voltar a tocar, no início de 2014, após 45 anos, fizemos da casa do Neguinho, nosso QG. Aliás, deve ser ressaltado que este retorno se deve muito ao Neguinho, e também ao impulso que nos foi dado, quando fizemos, juntamente com o Verde Terra e outros músicos, o Primeiro Feito em Casa, em parceria com a Prefeitura, num evento de grande repercussão. Antes de fazermos a parceria com a Banda Santo Antônio, chegamos a alugar um espaço na sede do ISC. Vale registrar que até mesmo para se “tirar” uma música era complicado, pois não havia acesso a publicações com as letras e cifras, nem xerox, nem nada. Então tínhamos que ouvir a música, escrever a letra e depois colocar a nota musical em cada parte da letra.

MM: Na época antiga, havia uma cena musical em Alvinópolis? Havia festivais em que a turma se juntava para tocar juntos?

MORCEGOS - Não. A não ser a Orquestra Líderes do Ritmo, da qual já mencionamos, tocando em bailes. Os festivais da canção vieram depois, creio que a partir da segunda metade da década de 70, mas que teve a participação do Neguinho, juntamente com David de Cindinha, o primeiro,  nas dependências do Colégio.

MM: A banda era boa para arrumar namoradas? Os morcegos eram namoradores?

OS MORCEGOS: Era ´´otima” - rsrsrsrs. Namorávamos bastante rsrsrsrs....mas o fã clube não se limitava a Alvinópolis, mas nas várias cidades que chegamos a tocar.

MM: Qual era o papel de José Carlos de Lírio na banda?

OS MORCEGOS:-  Apresentador e animador.Ficava com a melhor parte: “conversando” com as fãs, durante os bailes.

MM: Qual foi o show inesquecível?

OS MORCEGOS - Quando ganhamos o Festival de Jovem Guarda em Carneirinhos, disputando dentre muitos Conjuntos, com "OSBRASAS", de S Paulo, onde fomos "APEDREJADOS" com balas e bombons. Até descobrirmos que a plateia estava jogando balas e bombons, todos nós ficamos achando que fossem pedras, por não estarem gostando. Mas foi o contrário, e acabamos ganhando o festival. Ah! E chegamos a emprestar nosso baixo para Os Brasas, pois o deles havia arrebentado alguma corda, ou algo assim.

MM: Vocês se apresentavam muito em outras cidades? Interagiam com músicos de fora?

OS MORCEGOS: Além de BH/Capital, inúmeras cidades pelos rincões das Gerais. Podemos citar, dentre elas: Ipatinga, Marliéria, João Monlevade São Domingos do Prata ,Capim Branco, Santa Bárbara, Barão de Cocais Ervália, Rio Doce, Coimbra e São Pedro dos Ferros. A aceitação era tanta que tocamos 21 vezes em Carneirinhos e 19 vezes em São Domingos do Prata. Uma curiosidade: nunca tocamos em Dom Silvério, creio eu por causa da tola rivalidade que existia na época, o que, felizmente, não mais existe. Esperamos por um convite pra tocar lá. A interação com outros músicos de fora era muito difícil, pois os meios de comunicação eram muitos restritos, restringindo-se quase que exclusivamente as cartas via correio postal.

MM: Qual é o segredo da longevidade da banda? Quando tempo mesmo de Morcegos? Conhecem algum conjunto com mais tempo de atividades?

OS MORCEGOS:  Amor à música. E também a amizade e respeito que há entre seus membros, inclusive com os novos integrantes, Thiago (violão e vocal), Maurinho (teclado), e com a dupla Ronildson (guitarra solo e vocal) e Nely (vocal). Todos são alvinopolenses, exceto a Nely, que já é assim considerada. Aliás, este novos integrantes vieram revigorar a banda, tanto em qualidade como pela possibilidade de tocar músicas da atualidade e forrós, essenciais para um bom baile. Como dissemos no início da entrevista, no quesito longevidade não somos modestos, pois ainda em atividade frequente somente Renato e Seus Blue Caps e os Rolling Stones. Rsrsrsrs

MM: Todos os Morcegos são bem resolvidos na vida e não precisam de cachê para sobreviver. O dinheiro que vcs arrecadam, reinvestem em equipamento?

OS MORCEGOS: Sim. Entretanto, os novos integrantes têm o cachê como um adicional para sobrevivência. Infelizmente, nem sempre conseguimos um bom cachê, não somente pela não valorização dos músicos, pelos contratantes, mas também por causa da concorrência do “kit” voz/violão/teclado e sampler. Até hoje, após pagar o cachê dos novos integrantes, tudo que recebemos foi reinvestido em equipamentos, além de uma contribuição pecuniária que os morcegossauros fazem mensalmente.

MM: Vocês mantém a fórmula de tocar só Jovem Guarda ou atualizaram repertório? Se o contratante quiser um show só de jovem guarda, vcs tem repertório pra isso? O que vcs tocam hoje em dia?

OS MORCEGOS: Não, Jovem Guarda é nossa linha, nosso perfil, mas nosso repertório é eclético e temos um "ESTOQUE" suficiente para qualquer eventualidade. Além dos sucessos nacionais e internacionais dos anos 60/70/80, estamos tocando também músicas mais atuais, inclusive forrós e boleros, essenciais para um bom baile. Assim, seja para um baile ou para um show, estamos prontos pra tocar o que o contratante desejar.
MM: Quais os planos futuros? Não acham importante entrar em algum estúdio e deixar um registro da qualidade de vcs?

OS MORCEGOS: Sim. Tocar, tocar, tocar, até quando Deus quiser. As dificuldades para entrar num estúdio são grandes, mas esperarmos poder, a qualquer hora, fazer um registro da Banda Os Morcegos.

MM: A apresentação de vcs é uma aula de amor à música e ao prazer de levar felicidade às pessoas. Quem quiser contratar Os Morcegos deve ligar para qual telefone?  Deixem  contato, email, etc para quem quiser OS MORCEGOS para o seu evento.

OS MORCEGOS - Whatsapp: (31) 9.9305-0710 - ( Paulo César)



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