Parabéns pra mim
Hoje faço 50. Deveria ser
doloroso, mas não é. Muito pelo contrário. Por incrível que pareça tenho mais
saúde hoje do que tinha com 25...30 anos. Tudo bem que os cabelos se foram, mas
tudo o mais continua funcionando muito bem. Em algumas coisas, sinto até que
evoluí bastante, noutras preciso melhorar ...
Desabafo
Há coisas que são dolorosas que
não a saúde física individual. O que dói é ver o povo ser enganado e
a gente impotente pra aclarar as coisas. Tem coisas que tem me deixado muito indignado
nos últimos tempos, nervoso de perder o sono à noite. A questão da BR 381, por
exemplo, é algo de assombroso pela falta de sensibilidade dos nossos homens e
mulheres públicos, de empurrar com a barriga algo que é tão vital para a nossa
gente. Já prometeram essa obra inúmeras vezes e estão prometendo de novo como
se não tivesse sido prometido antes. Como é que conseguem prometer e mentir de
forma repetida e reafirmando mentiras
como se verdades fossem?
Prioridades
E não adianta escreverem releases
e publicarem em jornais de circulação nacional tentando convencer que o Porto
em Cuba era prioridade. Agora a presidenta dá entrevista dizendo que a obra da
BR 381 é de alta complexidade. E um porto num país estrangeiro não é de alta
complexidade? E não fizeram lá? Mas vamos ter de aguentar.
Cheque em branco
A popularidade dá cheque em
branco para que o governo faça o que quiser com o país. Não me surpreenderá se
aparecer um projeto sugerindo inserir mais uma cor na bandeira do Brasil, no
caso o vermelho. E deverá ser a cor preponderante.
Stop
Já me disseram que eu devia parar
de escrever sobre política. Em todo momento me prometo parar, mas acabo não
resistindo. Nem adianta propor reflexões, pois as pessoas não debatem com
racionalidade. A paixão toma conta e com isso, são vãs as tentativas de
estabelecer uma dialética, uma conversa balizada na razão objetiva. Há algum
tempo confesso que estava obcecado com a ideia da depuração da verdade. Não
existe verdade depurável. Existem versões dos fatos. Mesmo que você conseguir
comprovar através de dados e provas, as pessoas continuarão batendo o pé e
compartilhando as “verdades” que
considerarem vantajosas para seus interesses . Se você perguntar a um bandido
como foi preso, ele não só se declarará inocente como acusará a polícia de
tortura e maus tratos. E na questão política, dá-se o mesmo. Por exemplo, todos querem o fim da corrupção,
mas a corrupção dos outros. A que é cometida pelos companheiros não é
corrupção. É delito leve e afinal de contas, para atingir objetivos
maiores, portanto justificável. Mas e
as leis? Ora, as leis são para os inimigos do rei. Imperativo é formar maioria
em todas as instâncias. Isso feito, tá tudo dominado e tudo é possível.
Síndrome de Regina Duarte ou
Cegueira Vermelha?
Nessa de absolver todo tipo de
conteúdo, passei a observar melhor, comecei a checar fontes, tirei velhas
lentes e de repente vi um país nu a minha frente. E não foi uma nudez bonita de
se ver. Comecei a enxergar além da neblina ideológica e essa visão começou a
derrubar velhos mitos. Já me disseram que estou sofrendo de Síndrome da Regina
Duarte. Os petistas criaram esse termo para carimbar as pessoas que criticam o
Lula ou a Dilma. Alguns direitistas também já insinuaram que eu sofria de
cegueira vermelha, pela defesa que fazia do PT e do socialismo. Eu só queria
elogiar o que ia bem e criticar o que ia mal. Simples assim. Mas quando eu
falava bem levava lenhadas e era “xingado” de petista . Quando disse que era a favor
da copa e que os protestos eram tardios, choveram pedras nas minhas vidraças.
Quando falo que muitos programas do governo são bons, pedem meu escalpo. Mas ai
tem as coisas que não concordo, como o caso da BR 381 que não sai do papel nem
que vaca tussa e comecei a enxergar e a opinar sobre várias coisas que me
incomodavam, comecei a enxergar coisas que muitas vezes meu coração se recusava
a ver. Parece até que a síndrome da Regina Duarte suplantou a cegueira
vermelha. Os absurdos começaram a pesar na balança e me vejo completamente
desolado e desesperançoso com o país.
Num país de cegos, quem tem olho
é inconveniente.
O que me resta então? Parar de me
preocupar e me ocupar com o que não tem conserto. Usar os outros 50, 60 anos
que me restam para coisas realmente construtivas. Resignar-me com minha
condição de formiguinha que pouco pode contra o elefante, que não faz caso nem
do meu esquálido voto. O povo espelha os políticos e os políticos espelham o
povo, e os alvos são móveis. Como diz meu amigo Dindão, do micro ao macro a
cadeia está toda contaminada. E cadeia mesmo que é bom, só pros ladrões de
galinha. Vamos falar mais de arte e cultura que vai dar mais certo...
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