sexta-feira, 24 de maio de 2019

DIZARMEM OS ESPÍRITOS ...



O Cenários dessa semana conversou com o cantor e compositor JULIO SARTORI, da banda DIZARM. Eu brinquei com ele: não tem medo do Bolsonaro achar que a banda é subversiva? Por propor DIZARMAMENTO? Mas brincadeiras à parte, o DIZARM tem um trabalho consistente, músicas próprias reflexivas e muita credibilidade no médiopiracicaba. Mas vamos à entrevista.

CENARIOS - Júlio, como a musica entrou na sua vida?

Julio Sartori -  Conforme relatos de minha mãe, desde quando tinha dois anos, ja achava ruim quando alguém interrompia minha visão quando tinha algum artista se apresentando na TV. Sempre gostei de música, aos 8 anos entrei no Coral da Igreja organizado por Dna. Nozinha de Rio Piracicaba. Aos 10 anos ouvia todos os discos de meu tio durante as minhas ferias. Eram as raridades brasileiras. Carlos Alexandre, Agnaldo Rayou, Amado Batista e outros mais. Mas a primeira paixão e introdução ao Rock foi quando ouvi Led Zeppelin aos 11 anos. Foi amor a primeira vista. Desde então o Rock faz parte de minha vida.

CENARIOS - Vc teve muitas bandas? Vários projetos musicais?

Julio Sartori -  Tive poucas bandas, uma em São Paulo, um pequeno projeto chamado Recanto dos Anjos, composto por André Freitas, João Pedro Sartori Godoy e eu, ambos com 8 anos e a Banda Dizarm que foi formada em 2008.
CENARIOS - Como surgiu a banda Dizarm? Foi com esse nome mesmo?

O que inspirou o nome Dizarm?

Julio Sartori -  Inicialmente Marcelo Sadam  havia me chamado para cantar em uma apresentação que ele iria fazer na Escola Daniel Bahia. A partir deste momento conversando com Bahia decidimos montar a Banda e iniciamos nossa trajetória musical convidando Fabio Sartori na bateria, Betinho Canazart no Baixo, João Freitas no violão, Bahia na Guitarra e Marcelo na guitarra base. Para a escolha do nome nos reunimos e fizemos um brainstorming de nomes, até que surgiu o nome Desarme, que ficou sendo utilizado durante 5 anos. Depois decidimos passar para o nome Dizarm, mantendo a mesma sonoridade do nome anterior porém, escrito de outra forma. O nome Dizarm, tem tudo a ver com as letras e ideias de minhas composições musicais. Precisamos nos desarmar emocionalmente para convivermos em harmonia uns com os outros.


CENARIOS - Vc acha que existe público pro rock?  Rock não virou ritmo de tiozão?
         
Julio Sartori -  Sim com certeza tem publico para o Rock. Nos anos 80 o rock fazia sucesso em quase todo Brasil, depois foi substituído pelo sertanejo, após uma boa estratégia da mídia. Infelizmente uma boa parte de nós, somos bastantes influenciados pela mídia. O rock é muito apreciado pelas diferentes gerações. Vejo crianças que preferem o rock como pessoas mais velhas que mantém a fidelidade neste estilo.

CENARIOS - Em suas letras vc trabalha temas psicologicos. É o rock no divã?

Julio Sartori -  Os temas psicológicos ja vem sendo tratados no meio artístico há muitos anos. Uma das bandas que me encantou foi Pink Floyd no filme The Wall,. Como foram criativos em tratar assuntos tão sérios e importantes em suas composições musicais. Nas minhas composições procuro destacar os efeitos do medo, da insegurança e da dependência afetiva nas relações pessoais. Vejo que deixamos de ser felizes por estarmos focados somente nos pontos negativos de nossas ações, focamos apenas na falta de dinheiro, na doença que poderia ter, na falta de emprego e esquecemos que temos uma mente poderosa que se bem utilizada poderá transformar a vida de cada um. Como foi dito há séculos atrás, somos o que pensamos. Tento passar estas ideias nas minhas letras.

CENARIOS - Como vê a situação do pais. Resistência ou resiliência?

Julio Sartori -  Nós temos um Governo resiliente contra uma pequena e poderosa massa resistente, que acostumou-se a se beneficiar às custas de muitos. Espero que a Consciência Divina nos envolva e o Brasil possa crescer e evoluir sem as amarras da corrupção

CENARIOS - O Dizarm tem musicas novas no forno? O que vem por ai?

Julio Sartori -  Sim tem muitas músicas para serem lançadas, e espero em breve estar realizando o lançamento das mesmas. As novas musicas seguem um estilo baseadas no Grunge e rock alternativo.

CENARIOS - Vc acredita na volta do rock? Acha que a galera nova vai se interessar ou o rock vai morrer com a nossa geração?

Julio Sartori -  O Rock nunca foi embora. Apenas passou a ter menos destaque nas mídias. Os gestores da mídia mudaram o foco de seus investimentos destacando outras modalidades musicais. Mas parece que o mercado esta saturado e o espaço para o rock esta se abrindo. Mas não sei se vai ser igual aos anos 80. A diversidade de estilos atualmente é bem maior.

CENARIOS - Vcs fazem uma media de quantos shows por ano?

Julio Sartori -  Tivemos que tirar o pé do acelerador devido a alguns projetos profissionais de um dos integrantes da banda. Mas agora estamos de novo na estrada. Fizemos um show dia 11 de maio no Shine Crazy e temos um show marcado para julho, no festival de inverno da UFOP na praça do Povo em João Monlevade. Estamos agendando com outros empresários, mas ainda não fechamos nossa agenda.

CENARIOS - Quem compõe o Dizarm hoje?

Julio Sartori -  Na bateria meu irmão Fábio Sartori, No baixo Betinho Canazart, na guitarra e back vocal Marcelo Sadam e na guitarra solo Fabricio Batata.

CENARIOS - Deixe Contatos para quiser contratar ou interagir

Julio Sartori -  Para shows podem ligar para os números 31 98228.1676 com Marcelo ou no 31 98885.9468 com Julio. Vocês podem nos curtir no Face @bandadizarm e no Instagran @dizarmoficial

quinta-feira, 23 de maio de 2019

ALTERNATIVA, 30 ANOS DA MAIOR RÁDIO DO MÉDIO PIRACICABA


A comemoração dos 30 anos da Rádio Alternativa, vai levar à Praça do Povo neste domingo, artistas de João Monlevade e  região e também de renome nacional. Vai ter muita música sertaneja, que parece espelhar o gosto musical do povo, afinal, todas as rádios da região tocam quase 100% de música sertaneja. Mas na Alternativa 30 anos também cabe pop rock, samba e diversos estilos. Trata-se de uma rádio que nunca teve preconceito. Em seus 30 anos sempre divulgou artistas da região. Eu dou um testemunho da força da rádio. Mauro Martins lançou uma música minha que tocou demais na Alternativa. As pessoas gostaram bastante e sou até hoje reconhecido pela música. Vocês devem conhecer DO OUTRO LADO DO ESPELHO. (Pra quem quiser lembrar, tem o link no final do texto). Profissionais incríveis ajudaram a construir a Alternativa FM, desde seu proprietário José Santana de Vasconcelos, que soube escolher bons gestores e pessoas competentes como auxiliares diretos. Nem vou citar nomes para não alongar ou cometer injustiças. Teve uma turma de vocacionados, que foram chegando e ajudaram a construir a estética da Alternativa. Não sei como programaram, mas seria importante homenagear cada um que ajudou a colocar tijolos nessa construção. A razão social da Alternativa é "Rádio FM do Vale do Piracicaba". 
Fica claro o seu público alvo e abrangência. E na rádio sempre coube o regional, o local, o nacional e o internacional também. Os artistas, que sempre encontraram as portas abertas reconhecem a importância da Alternativa para o cenário musical da região. E a rádio, hoje comandada pelo jovem Thiago Martino, preparou um festão para comemorar os 30 anos. A festança vai começar as 14 horas e terminar à meia noite. Vai ter shows com os seguintes artistas: Samba Clube, Deixa se envolver, Djs, locutores e sorteio de brindes, Fabrício Di Paula,  Amanda Alves, Deivid e Christi e Gilvan Linhares, Banda Agá, Geovane Richard, Lívia Bicalho,  Mari Oliveira.  bandas Bonpart e Infocus, Beto e Breno, Matheus Luccato, Eliedson Frota e Sérgio e Delson e Marcelinho di Lima. Tudo isso com o comando artístico de Junio Queiroz, que também vai comandar o palco e também com a presença da Equipe Alternativa, que com certeza estará presente recebendo o povo com muita alegria.
Link Música DO OUTRO LADO DO ESPELHO - com várias interpretações - https://www.palcomp3.com.br/dooutroladodoespelho/

sexta-feira, 17 de maio de 2019

LUIZ ERNESTO É A NOVIDADE !

Luiz Ernesto - Pré-candidato pela REDE.

O BLOG CENÁRIOS vem conversando com monlevadenses que postulam o posto de prefeito(a). O objetivo é saber qual a visão que os candidatos tem do cenário politico-administrativo, o que sonham para a cidade e o que pensam sobre cultura. Nessa semana conversamos com o jornalista e escritor Luiz Ernesto, que nos atendeu com muita cortesia. Luiz vai concorrer pela Rede Sustentabilidade e tem a seu favor representar a novidade, não pertencer aos grupos políticos que vem se revezando no poder há algumas décadas. Vale observar que a performance dos "novos" recém eleitos será determinante nas próximas tendências de votos. Mas vamos à entrevista.

CENÁRIOS - Você vem acalentando o sonho de ser prefeito de Monlevade há tempos ou foi recentemente que começou a cogitar a candidatura?
Luiz Ernesto - Fundamos a REDE em João Monlevade em fevereiro de 2017 e um dos objetivos do partido sempre foi participar de forma ativa do processo eleitoral e democrático em nossa cidade, com a possibilidade de apresentar nomes para o Legislativo e para o Executivo. A formação de uma chapa consistente de candidatos a vereador sempre foi pautada e, há alguns meses, viemos amadurecendo a ideia de uma pré-candidatura à Prefeitura, o que culminou no lançamento de meu nome, em abril passado. Pelo lado pessoal, é uma vontade e um sonho que sempre mantive acesso.
CENÁRIOS - O que o ajudou a decidir e a se posicionar publicamente como candidato a prefeito de João Monlevade?
Luiz Ernesto - Sem dúvida, a confiança dos nossos filiados, do Diretório Estadual e da Executiva Nacional da REDE. da deputada estadual Ana Paula Siqueira e, claro, a força, a motivação e as palavras de apoio dos monlevadenses que confiam em nosso projeto, em mim e nas pessoas que estão conosco. Tudo isso me motivou e me ajudou na decisão.
CENÁRIOS - O que a sua candidatura traz de diferente?
Luiz Ernesto - Essencialmente, o fato de não pertencer a grupos políticos com interesses estritamente voltados para seus correligionários. Não queremos o poder pelo poder, o fomento à troca de favores, a obtenção de benefícios e à perpetuação no poder, inclusive, somos contra a reeleição, no Executivo e no Legislativo. Isso, sem contar que temos um projeto desenvolvimentista e progressista para a cidade, e não projetos pessoais.
CENÁRIOS - Sua candidatura será pela Rede de Marina Silva. Podemos dizer que uma provável administração do Luiz Ernesto terá forte viés ambiental?
Luiz Ernesto - Sem dúvida. O agente público que não pauta a questão ambiental em sua agenda está fadado ao fracasso. É de suma importância, vital e hoje em dia já deixou de ser um viés ideológico e se tornou uma questão de sobrevivência. As questões de proteção ao meio ambiente e respeito à biodiversidade são muito caras à nossa querida Marina Silva, que é uma das maiores ambientalistas do planeta e nos transmite esse legado. 
CENÁRIOS - A cidade vive praticamente da siderurgia e do setor de serviços. Não tem áreas agriculturáveis e a área física do município é pequena. Ainda assim, você vislumbra espaços de crescimentos? Outras vocações que podem gerar mais emprego e renda?
Luiz Ernesto - Sim, vislumbro. Sempre há espaços de crescimento, principalmente para um município forjado por trabalho, para onde muitos vieram exatamente para trabalhar e crescer. A essência de João Monlevade é essa é não pode ser perdida. A siderurgia, o comércio varejista e os serviços são de extrema importância e fundamentais para o desenvolvimento do município, mas também podemos ser polo em outras áreas, porque não nos próprios setores de agricultura familiar, cultura, esporte e entretenimento e no fomento à ciência e tecnologia, com a base acadêmica que temos? O incentivo às pequenas indústrias também seria um bom caminho e não virar as costas para o Distrito Industrial e para a Incubadora de Empresas pode ser um bom início. Temos muita gente boa e importantes grupos trabalhando por João Monlevade, como o próprio Pensando Monlevade, do qual você parte, entre outros, que estão ocupando os espaços e lacunas deixados pelo poder público.
CENÁRIOS - Você não acha que os prefeitos, não só de Monlevade, como da região deviam se unir e formar uma bancada da 381? Buscando apoios de todos os políticos de forma suprapartidária, para fechar de vez essa moedora de carne humana?
Luiz Ernesto - Claro. Essa pauta é de extrema importância e deve ser levada muito a sério pelos prefeitos da região. Já chega de levantar a bandeira da 381 apenas para angariar votos em época de eleições. Algo consistente deve ser feito. Menos blá blá blá e jogo de interesses seria fundamental.
CENÁRIOS - Qual a sua visão da Monlevade hoje?  Concorda com a gestão de austeridade em função da crise ou faria diferente?
Luiz Ernesto - Minha visão é de inércia, má vontade política e pura utilização do poder administrativo para fomentar um grupo de pessoas. É claro que faria diferente. Os tempos são difíceis e é preciso responsabilidade, mas onde há crise com uma arrecadação de R$200 milhões? Onde há crise quando se gratifica servidores municipais com 80% a mais do seu salário apenas por amizade ou por serem correligionários, sem qualquer meritocracia? Onde há crise quando se paga um aluguel de R$4.300,00 durante dois anos para manter uma casa vazia? Onde há crise quando se consomem R$22 milhões para construir um hospital que nunca curou uma unha encravada? A crise em Monlevade é de caráter.
Com a Deputada Ana Paula Siqueira
CENÁRIOS - Sua candidatura está mais pra esquerda ou vc tem facilidade de dialogar com o pessoal de centro e de direita também ?
Luiz Ernesto - Temos facilidade em dialogar com gente de bem, seja de esquerda, centro ou direita. Gente bem intencionada e que pense em Monlevade antes do seu umbigo é bem vinda para o diálogo, independente de corrente ideológica ou partidária. A REDE possui, obviamente, seus princípios e condutas de ética e posicionamentos políticos, sociais e ideológicos, mas longe de radicalismos.
CENÁRIOS - Você também é escritor e jornalista. Como vê a cidade hoje sob o ponto de vista da cultura, da literatura, da arte em geral.
Luiz Ernesto - Infelizmente, fragmentada, diluída, dispersa e inconsistente. Não se fomenta ou produz cultura sem sensibilidade cultural. Não se produz cultura e arte de forma consistente e sistemática só pensando em votos e entretenimento. Quando se assiste a um governo alardear aos quatro ventos, no aniversário da cidade, um curso de design de sobrancelhas (nada contra, especificamente) como se fosse a formatura de uma orquestra de câmara, é porque algo não vai bem.Temos que ser mais pontuais com a cultura como lazer e oferta de arte e no incentivo aos nossos artistas e escritores, que são muitos e talentosos.

CENÁRIOS - Monlevade, para a maioria das cidades próximas é uma espécie de capital regional. Mas já conversei com muitos monlevadenses que só criticam, que afirmam que a cidade não tem nada e só falam mal. O que fazer pra aumentar a autoestima e o sentimento de amor à cidade?
Luiz Ernesto - Devolvê-la ao seu povo e a todos que a amam. Fazer com que o monlevadense sinta-se filho e, ao mesmo tempo, pai e tutor da cidade. Ter orgulho de ser monlevadense. E isso não é difícil, um bom começo é mudar a mentalidade dos que estão no poder, ou melhor dizendo, mudar quem está no poder e detém esse pensamento de posse da cidade para servir apenas a um grupo de pessoas. João Monlevade tem que voltar a ser do povo. Eu estou prestes a completar 44 anos e vivi uma Monlevade assim, que se perdeu. Se perdeu pela cegueira do poder.
Debatendo cultura com pessoas do meio.
CENÁRIOS - Um candidatura decola quando o postulante consegue sonhar o mesmo sonho dos cidadãos. O que vc sonha para João Monlevade?
Luiz Ernesto - Sonho em ver João Monlevade virar esse jogo e voltar a ser um lugar aprazível de se viver e que gere orgulho em seus filhos e moradores. Sonho em ver uma João Monlevade ser administrada por gente que não quer o poder pelo poder, pelo dinheiro, pela fama e pela ganância, mas que deseja dedicar seu tempo para contribuir por uma cidade melhor e ouvir quem deseja o mesmo, em todas as áreas. Uma Monlevade sem conchavos, sem aparelhamento político. Uma Monlevade que não pare no tempo e que olhe para o futuro, mas que recupere a aura dos bons anos de 1970 e 1980, dos ex-prefeitos Lúcio Flávio, Antônio Gonçalves e Bio, que fizeram muito sem semear ódio e desavença. Sonho em ver uma Joao Monlevade mais leve, que gere oportunidades para seus jovens e não os façam sonhar em deixar a cidade. Enfim, uma Monlevade nossa, de volta.

domingo, 12 de maio de 2019

GUSTAVO PRANDINI ABRE O VERBO....


O Blog Cenários foi ouvir o advogado e ex-prefeito de João Monlevade, Gustavo Prandini. Gustavo hoje reside e trabalha em Juiz de Fora,  mas teve a generosidade de participar desse bate-papo comigo, onde fala sobre diversos assuntos, inclusive clareia sobre boatos recorrentes que tem saído na mídia. Mas vamos à entrevista.

CENÁRIOS - Existem vários boatos sobre candidatura sua a prefeito em 2020. Já falaram que vc iriam para o PC do B, também chegaram a citar o PSB.  Agora falam do PT. Enfim... tem alguma conversa mesmo ou são especulações?

GUSTAVO PRANDINI - Primeiro quero te agradecer a oportunidade de falarmos. Curiosamente, a gente se conheceu pela internet e trabalhamos juntos por um tempo. Então, pra mim é simbólico que mais de 6 anos depois de minha última entrevista como prefeito, eu venha a ser entrevistado à distância, pela internet e exatamente por você. E já te respondendo, eu estou há 6 anos sem partido político. Neste período, tive a oportunidade de manter contato com pessoas de vários partidos. Surgiram convites para filiação, mas eu estava em outro momento. Sobre a política em Monlevade,  este ano  alguns amigos começam a propor uma reflexão sobre voltar e pensar em uma candidatura. Estive com algumas pessoas, eu procurei mais ouvir, entender, refletir. Tenho amigos em Monlevade em vários partidos, não somente nestes 3 que você citou. Mas não tive reunião formal com nenhum ainda, até porque minha prioridade hoje é minha atividade profissional.

CENÁRIOS - Logo que acabou o seu mandato, vc mudou-se para Juiz de Fora, onde foi trabalhar na Prefeitura. Como é a vida na Manchester Mineira? Você se adaptou bem? Aprendeu muito com os conterrâneos do Itamar? Avalia ficar por aí mesmo...ou o retorno à Monlevade realmente está nos planos?

GUSTAVO PRANDINI - Vir para Juiz de Fora a trabalho foi uma oportunidade muito interessante e muito natural. Monlevade sempre acolheu muita gente de fora que aí chegou para trabalhar e ficou. O inverso também acontece, tenho amigos de escola daí que hoje moram em todo canto do país e até mesmo em outros países. E gosto muito de Juiz de Fora, estou adaptado, aprendi e continuo buscando aprender a cada dia. A vida é isso né, aprender, sempre. Os 6 anos em que trabalhei na Prefeitura daqui foram muito importantes para mim. Mas voltar é possível sim, venho refletindo, estou advogando aqui e uma mudança de cidade assim não se faz de forma precipitada.

CENÁRIOS - Vc foi do PV, na fase,digamos assim, romântica do Partido. O PV tinha um viés de esquerda. E Gustavo Prandini? Ainda se mantém fiel às ideias de esquerda, aproximou-se um pouco mais do centro ou nenhuma das respostas anteriores?

GUSTAVO PRANDINI - O PV genuíno, “raiz”, que nasceu na Austrália, é forte na Alemanha e teve seu momento aqui no Brasil, já nasceu com a visão para além da dicotomia esquerda e direita. Mas o conjunto de políticas públicas voltadas para uma melhor distribuição de renda no Brasil, para uma luta afirmativa por mais igualdade, cidadania e vida digna para todos realmente aglutinou o PV e outros partidos no chamado campo progressista ou de esquerda. Pessoalmente, por minha formação familiar,  universitária e militância em Monlevade, continuo acreditando em um conjunto de valores que devem nortear a ação política na busca de um patamar civilizatório que garanta direitos elementares para todos, e no Brasil estamos longe disso ainda. Basta comparar as estatísticas brasileiras com a de países desenvolvidos. Mas o que me parece essencial é ouvir quem pensa diferente, trabalhar com quem pensa diferente, conviver com quem pensa diferente, aprender todo dia com quem pensa diferente, isso eu vejo como essencial para não cairmos no extremismo daqueles que acreditam só haver uma verdade. Afinal, o que é a verdade?

CENÁRIOS - Vc tem se informado sobre a situação de Monlevade? Como avalia a cidade hoje?

GUSTAVO PRANDINI - Eu me informo por aquilo que é publicado. E quando estou aí, é natural que uma ou outra pessoa me fale sobre a cidade. Mas se pautar somente por aquilo que é publicado é muito pouco. Para avaliar eu precisaria estar morando aí, convivendo o dia a dia das pessoas. Mas com esta crise econômica que o país está vivendo, Monlevade certamente está sofrendo os reflexos como a grande maioria das cidades. Agora, o povo fez sua legítima escolha em 2016, então como cidadão eu torço para que as coisas dêem certo.

CENÁRIOS - Sua gestão teve fases distintas. Teve um início muito bom, depois teve a ameaça de cassação e dificuldades sucessivas, que pelo menos na percepção da mídia, acarretaram em uma baixíssima popularidade. Vc conseguiria sintetizar as causas dessa percepção negativa? Acha que são infundadas?

GUSTAVO PRANDINI - Veja bem, a resposta tem algumas vertentes. Tentarei ser sintético. Mesmo tentando acertar, fizemos escolhas políticas equivocadas e com isso nosso governo perdeu boa parte da capilaridade junto às forcas políticas da cidade. Muito disso se deu por inexperiência mesmo. E aí, mesmo que administrativamente estivéssemos trabalhando e fazendo muita coisa importante para a cidade, o discurso, a narrativa que se impunha nas ruas era contra o governo. Outra coisa foi que em 2008, ano da eleição, toda a cidade estava eufórica com a duplicação da ArcelorMittal. A expectativa, dada como certa, era de que a Prefeitura cresceria sua arrecadação em mais 50 milhões de 2009 até 2012. O investimento previsto pela Arcelor na cidade era de 1 bilhão e 200 milhões. Foi a partir destas projeções que fizemos o plano de governo.  Aí venci as eleições, a crise mundial estourou, a Arcelor paralisou seus investimentos, um clima de frustração tomou conta da cidade e a ousadia do meu plano de governo foi para o ralo. As cobranças vieram, era natural, o plano de governo estava nas mãos das pessoas. O aprendizado disso é não planejar com variáveis econômicas que não estou sob seu controle. Mas veja, mesmo assim fizemos muitas, muitas coisas boas em 4 anos e ainda transmiti o governo ao meu sucessor deixando cerca de 30 milhões em convênios com o Governo Federal e Estadual, para investimentos em obras: a verba para a pista de caminhada da Gentil Bicalho, a ETE de Carneirinhos, 5 milhões para asfaltamento, 3 novas escolas de educação infantil, a UPA do Novo Cruzeiro e muito mais. Tem coisas que até hoje estão fazendo com recursos que eu deixei garantidos. E tem coisa que ouvi dizer que devolveram o dinheiro ao governo federal, mas não sei o motivo.

CENÁRIOS - Alguma coisa de que vc se arrependa, que faria diferente se tivesse a oportunidade? 

GUSTAVO PRANDINI - Olha, não acho o conceito de mero arrependimento saudável para ninguém, individualmente ou coletivamente. Acho que ainda precisamos aprender muito com Freud, Lacan e tantos outros nessa área. Julgar o passado com os conceitos e o olhar de hoje é um tanto simplista. Agora, reconhecer equívocos e evoluir, aprimorar, superar é essencial. Neste sentido, faria muita coisa diferente, porque sou diferente hoje como serei diferente daqui 10 anos, ao mesmo tempo que sou o mesmo, percebe? Acho que quem lê entende do que estou falando olhando para sua própria vida, é assim com cada um não é? E as demandas da sociedade também mudam, então cada governo tem em seu tempo, um perfil próprio. Outra coisa, voltando para 2009 a 2012, quem refletir com isenção, talvez reconheça que eu e aqueles que estiveram comigo de 2009 a 2012 tivemos muita resiliência para suportar injustiças e perseguições, por exemplo.

CENÁRIOS - Mesmo estando distante da cidade esse tempo todo, vc  ainda tem um grupo importante de apoiadores, de pessoas que tem lembranças positivas de seu governo e que toparia trabalhar com vc. Pra vereador seria enorme a possibilidade de ser eleito. Estuda essa possibilidade também?

GUSTAVO PRANDINI - Por que não? A Câmara Municipal é o Poder Legislativo, essencial para a cidade. Seria uma honra, mas eu ainda preciso ouvir muito, refletir, ouvir mais.

CENÁRIOS - Como enxerga a política estadual e nacional? Tempos de resistência ou de resiliência?

GUSTAVO PRANDINI - Resiliência e resistência caminham juntas e realmente o desafio está colocado para todos nós. Mas como diz a música, “amanhã há de ser outro dia”.

CENÁRIOS - Você também é adepto da literatura, gosta e escreve muito bem. Alguma coisa no radar? Rabiscos que podem virar livros?

GUSTAVO PRANDINI - Estou terminando de ler Os irmãos Karamázov, de Dostoiévski, e a dimensão de um clássico desse me dá medo de escrever ao mesmo tempo que me inspira. Andei escrevendo alguns novos poemas e o desejo de um livro permanece.

CENÁRIOS - O Cruzeiro vai ser campeão esse ano? Rs...

GUSTAVO PRANDINI - Claro, já virou hábito todo ano o cruzeiro ser campeão, bom demais, não é? Este é o ano de nossa Libertadores e nosso Mundial.  Vamos à luta!

sexta-feira, 10 de maio de 2019

A CULTURA DO ATRASO


Há alguns meses lancei um desafio na internet. Provoquei o pessoal a me indicar o nome de pelo menos um vereador da cidade que defendesse a arte e a cultura. Valia para todas as cidades. Sem respostas. E não me surpreendeu. Cultura nunca deu voto. O que dá voto é saúde, educação e assistência social. Cultura é adereço, que vc só faz se tiver uma sobrinha de dinheiro. Cultura boa mesmo é  festa do Peão, torneiro leiteiro, cavalgada, rodeio, tudo regado a muita cerveja e churrasco. Festivais gastronômicos também estão na moda. Mas o negócio é vender comida e cervejas. Música é só adereço. E pra completar, a quase totalidade das rádios toca uma programação 100% sertaneja. Será que o povo gosta só desse estilo mesmo? É como se vc fosse num self-service e só comesse feijão. Mas fazer o que? Dizem que é o povo que só quer esse menu. E pra completar, tem um raciocínio de marketing, do atendimento às necessidades. O que as pessoas demandam? Ah, principalmente entretenimento. As pessoas querem se distrair. Arte e Cultura tem conteúdo, exigem reflexão, favorecem o choque de pensamentos, a diversidade. Não é para distraídos. Ahh...mas... pra que pensar? A ordem é produzir e consumir. Para muitos,  arte é coisa de vagabundos, que só atrai maconheiros e gente que não tem dinheiro pra gastar. Aff...

DESPEDIDA DO BOM DIA

Depois de 10 anos colaborando com o Jornal Bom dia, eis que a parceria chega ao fim. Escrevi no BOM DIA esse tempo todo pela amizade que tenho com o Pink Floyd ( Dindão). Agradeço a ele e ao Serginho pela janela, pelo espaço disponibilizado. Só para conhecimento geral, era uma colaboração não remunerada, falando de cultura, levantando a bola dos artistas do Médio Piracicaba. Pra mim tá compreendido que sob nova direção é normal que seu diretor busque novas perspectivas, novos colunistas, tente colocar seu estilo, busque novas parcerias, enfim. Ele até entrou em contato propondo que eu continuasse colaborando, que pretendia investir mais na internet e que meus textos seriam aproveitados lá. Concordo com ele que investir na internet é importante e desejo sorte e sucesso. Mas assim como acho salutar pro jornal uma mudança, uma balançada, o mesmo acontece comigo. A fila anda e gente boa pra escrever sobre arte e cultura tem muitos, melhores e mais interessantes que eu. Tenho meus blogs e vou continuar escrevendo sobre cultura por lá, divulgando e entrevistando artistas, abrindo espaços para essa classe tão marginalizada nos últimos tempos. E invariavelmente, quando os jornais acharem que tem relevância, vou publicando aqui e acolá. E nas redes sociais também. Vida que segue...

E pra quem tiver curiosidade, vejam a primeira coluna escrita e publicada no BOM DIA há 10 anos atrás. Curiosamente o texto se chamava "Janela aberta". (Janelas se abrem, janelas se fecham...a gente abre outras e segue a vida)