A economia de Alvinópolis produz prioritariamente 5 produtos: tecidos, cosméticos, produtos agropecuários, mulher bonita e música.
Como a coluna é sobre cultura, vou me ater ao último item.
Se buscarmos as razões históricas de tanta efervescência musical, retornaremos ao inicio do século passado, quando já havia na cidade músicos extremamente virtuosos, que formavam grupos de jazz, chorinho e de música instrumental de cair o queixo
Depois, veio a onda dos conjuntos de baile, como o famoso “OS MORCEGOS”, fundado por Vidrilho, tendo como componentes Humberto, Tão de Ruão, Lete, Ze Carlos Paulo Cesar,Franklin Barcelos e Paulo Nicolau, os HELTONS, 007, com músicos fabulosos como David de Cindinha, Neguinho, Julio Papa, Zé Resende, Jorge de Nêgo, Nicolau, José Mauro, Gomes, Branco, Cuca, Letícia, Ronaldinho Fango, Vicente, entre outros.
A terceira onda já veio com os Festivais de Música. Se já havia o gosto pela música, pela primeira vez os Alvinopolenses acordaram para o fato de que podiam fazer suas próprias canções e pintou a geração dos compositores. Até houve um movimento anterior de compositores principalmente de marchas carnavalescas e de dobrados e peças para banda, mas nada comparado à efervecência gerada pelo festival.
Os festivais são importantes, na medida em que possibilitam uma interação maior e o aperfeiçoamento técnico dos artistas locais, no contato com outras culturas.
Como consequência do festival da música, nasceu o grupo Verde Terra da cidade, que saiu pelo estado afora e faturou cerca de 40 prêmios, inclusive em Monlevade, no ginásio do Grêmio lotado. O Verde Terra chegou inclusive a lançar o LP “Nós, os loucos” em 1987, o primeiro lançado por um artista local.
Só que após mudar-se para Belo Horizonte, o compositor do Verde Terra, acabou conhecendo músicos de várias partes do país e montando a banda de rock República dos Anjos, que de certa forma, também nasceu em Alvinópolis.
O Festival ainda gerou muitos outros filhos e movimenta a cena local o ano inteiro.
No festival também apareceu pela primeira vez a artista Alvinopolense Márcia Prímola, que tem se apresentado em várias cidades do estado sempre com muito sucesso.
Podemos citar ainda várias bandas que se formaram por causa do festival, como a banda de Reagae Black Swing, que inclusive chegou a vencer um festival de Rock realizado pela prefeitura de Monlevade, além dos Protótipos Mentais e dos Católicos Protestantes, que depois iriam se transformar no Pau com Arame.
Na realidade, tamanha ebulição, também deve ser creditada a outro fator: a escolinha do professor Rogério. Trata-se de uma escola de música totalmente anárquica, onde o professor Rogério não dá aulas da maneira convencional com partitura e teoria, mas ensina aos alunos exatamente o que querem aprender. Vão direto pro laboratório-estúdio e já tocam desde o primeiro dia de aula. A escola do Rogério é uma verdadeira fábrica de músicos e quem entra rapidinho aprende a tocar.
Para que se tenha uma idéia da exuberância da cena local, no festival de música deste ano pintaram dezenas de artistas locais: Banda Ponto Morto( média de 12 anos); Banda Case( só adolescentes – ganharam prêmio de melhores intérpretes do festival); Mariana e Julia ( duas meninas também adolescentes hiper afinadas); Banda Simulacro ( fãs do Radio Head); Banda Fator Alma. Lado B do Porão, Vovó Piluca, Banda Sistema Confuso, Thulio, Luluth e turma, além dos Sertanejos do Thiago e Admilson. E olhem que algumas bandas não tiveram como participar, como a já veterana Kalamidade Pública, a banda Black Morro, a banda de pagode raízes do samba, entre outras.
Sou até suspeito pra falar, pois sou de lá e de bebi muito daquelas águas.
O grande problema é que as bandas locais não tem onde se apresentar.
Em primeiro lugar, porque a grande maioria gosta de tocar Rock e como já falei por aqui, o público hoje está preferindo outros gêneros como sertanejo e funk. Assim, quem tem tido um belo mercado na cidade é a dupla Thiago e Admilson, que tem agenda cheia.
Já as outras bandas, passam o ano inteiro aguardando o festival e ensaiando ou tocando no colégio, com equipamento ruim e estrutura pequena.
Por isso, eventos como o Rock Pira, são importantes para dar vazão a tanta energia jovem e movimentar a cena, provocar faíscas, acelerar os átomos. O rock é necessário, minha gente. No dia que a juventude perder a capacidade de se indignar, estaremos perdidos.
Por isso, já estamos pensando até além, em fazer do Rock Pira um festival itinerante, levado a várias cidades para abrir espaço para as bandas locais e movimentar a cena.
Mas para isso, precisamos da participação da galera. Entrem no blog, deixem a opinião de vocês, não deixem as pedras dar limo.
Por falar nisso, para o próximo artigo, vai rolar uma entrevista com uma banda muito bacana, que faz parte da história do Rock Pira. Até lá...
Marcos. So faltou os nomes dos componentes dos Morcegos. Humberto, Tão de Ruão, Lete, Ze Carlos Paulo Cesar,Franklin Barcelos, Paulo Nicolau e seu fundador Vidrilho. O meu já está lá.
ResponderExcluirOk, Neguinho...já fiz a inserção no texto do blog...veja lá...
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