Estava em Alvinópolis de bobeira, isso lá pros idos dos anos 80, quando me encontrei com o presidente do Alvinopolense, conhecido como Tuôla. O nobre dirigente, tinha o hábito de fazer propagandas boca-a-boca de todos os eventos que fazia no clube e daquela vez me falou que iria tocar uma banda muito boa no baile daquela noite. Desde aquela época, eu já ficava mais ligado era nas bandas. O Clube podia ficar vazio, mas se a banda fosse boa, pra mim tava ótimo. Cheguei mais cedo no clube pra ficar sapeando a banda, observando seus preparativos pra tocar, afinação dos instrumentos, enfim. Observei que eles usavam uma guitarra diferente. Depois me informaram tratar-se de uma craviola. Como sempre o baile começou com o clube praticamente vazio. Achei até bom, pois pude ouvir a banda tocando as músicas que os músicos curtiam e não apenas os sucessos da época. Eles eram cabeludos e usavam uma roupa branca tipo bata. Os vocais e instrumental eram perfeitos. Eu estava ali abobado com a performance da banda, quando Tuôla chegou perto de mim perguntando se eu estava gostando ( eu era um espécie de consultor de qualidade pra ele) Disse-lhe que sim, que era muito boa. Perguntei a ele se a banda era de Belo Horizonte e ele me respondeu que não. Que era de Bela Vista de Minas. Perguntei a ele o nome da banda e ele me respondeu: Magnus Som. Tuôla, que foi um dos melhores presidentes de clube da história de Alvinópolis ainda me confidenciou que a turma da banda era humilde e boa de jogo e principalmente, que era barateira, que não lesava o clube como outras bandas famosas que vinham de longe, tocavam pouco e pediam até mais do que combinado. Depois desse baile, o Magnus voltou a Alvinópolis muitas vezes, sempre com sucesso. Tamanha qualidade não podia passar despercebida na região e em pouco tempo, o Magnus tornou-se a banda mais solicitada num raio de muitos kms. Se a turma fosse um pouco mais ambiciosa e tivesse um bom empresário, poderia ter ficado muito rica com música, mas na realidade, o que os movia não era a ambição, mas o amor à música. Era engraçado o fato dos bailes terem de terminar num horário determinado, pois a maioria dos músicos trabalhava na Belgo Mineira e tinha de pegar serviço de madrugada. Na época dos festivais, tivemos a oportunidade de nos encontrar com o Magnus por inúmeras vezes. Eles já forneceram sonorização e fizeram shows em 2 festivais em Alvinópolis. Em Bela Vista , também tive a oportunidade de participar em 2 festivais, num espaço conhecido como Caramanchão. Diga-se de passagem: os festivais em Bela Vista eram muito legais, com muitos músicos locais de grande qualidade ( nesse época, com o Grupo Verde Terra, tive a oportunidade de participar em dois festivais em Bela Vista, ganhando o primeiro lugar em um e segundo em outro). Nesses festivais, pudemos ver que o Magnus já preparava a sua segunda geração. Existia uma segunda banda Magnus de boa qualidade, que permitia aos magnâmicos fazer 2 bailes numa mesma noite. Pois é. Mas nem só de Magnus vive a musica de Bela Vista de Minas. Certa vez aconteceu em Alvinópolis um Festival de Música Sertaneja que marcou época. Apareceram violeiros e duplas de todas as partes de Minas. Sabe quem ganhou ? A dupla Barrado e Barradinho de Bela Vista de Minas. Não sei como está a cena musical de Bela vista hoje e podem até me condenar, por não buscar me informar melhor antes de escrever esse artigo. Não tem problema. Quero mais é provocar a turma a levar adiante o legado do Magnus, quem sabe instigar algum remanescente a falar um pouco sobre essa história e homenagear essa cena tão bonita, de uma cidade pequena, mas de rica história. Meu abraço ao Ely, ao Lobão e Cia. Se puderem, nos mandem noticias sobre a música de Bela Vista nos dias de hoje.
No próximo artigo, voltarei com novidades sobre o Rock Pira IV.
Nenhum comentário:
Postar um comentário