Todos os grandes movimentos musicais que se configuraram até hoje, tiveram algum ponto de partida. Algumas vezes, obra do acaso. Mas na maioria das vezes, por visão de oportunidade de algum empresário ou produtor. Os Beatles, por exemplo, só aconteceram por obra de um empresário baixinho chamado Brian Epstein, que formatou os modelitos e praticamente dirigiu o inicio da banda. Engraçado pensarmos que os Beatles no inicio eram uma espécie de Menudo, de Backstreet Boys que tocavam. Usavam terninhos comportadinhos e as letras eram uma xaropada só. Depois é que as individualidades foram aflorando, quando o talento de John, Paul e Harrison principalmente, possibilitaram a criação de algumas das maiores canções da história. Mas podem ter certeza. Os Beatles não teriam acontecido se não fosse Brian. No caso da música Punk também havia um grande articulador por trás. Todos concordam que a banda germinal da cultura punk foram os Sex Pistols, mas por trás daquele movimento havia o produtor Malcom Maclaren, que era empresário da banda e que tratou de trabalhar, difundir a ideologia punk pelo mundo. Na esteira pintou toda uma geração de calças rasgadas e camisas pretas. Trazendo o tema para o Brasil, citaria a Banda Barão Vermelho e Cazuza, que também tiveram seu tutor. É inegável o talento do poeta exagerado, mas ele talvez não tivesse pirado tanto e buscado tantos excessos que culminaram em sua poesia, não fosse o poeta, produtor e empresário Ezequiel Neves, conhecido no meio como Zeca Jagger. Neves levou Cazuza para o , digamos, mal caminho do rock e o grande poeta daí tirou toda a sua força poética. No mundo do Axé, praticamente vivemos a quarta geração da indústria exportadora de micaretas. Engraçado pensarmos que o movimento praticamente começou com Luiz Caldas e seu fricote. Só que o movimento acabou se amplificando. O Governo Baiano da época percebeu que aquele movimento seria uma boa oportunidade de vender a Bahia o ano inteiro, por todos os pontos do país e do Planeta. Os Baianos praticamente abdicaram da intelectualidade dos seus ídolos máximos até então, Caetano, Gil e Betânia, para abraçar o entreterimento puro e simples de bandas como “É o tcham”, Cia do Pagode, Reflexus, Chiclete com Banana, Asa de Águia, Ivete Sangalo, Banda Eva, Beijo, etc, etc, etc...e dá-lhe etecéteras. Mas...é bom lembrarmos que essa “ nave mãe baiana” não teria saído do chão, não fosse o impulso, o suporte que o governo, que toda a Bahia deu para seus artistas. Digo isso tudo, para dar uma despertada nos empresários e nas administrações dos municípios da nossa região. Temos muitos artistas, muitos nomes, como pode ser visto aqui na coluna Cenários. (vejam as matérias anteriores no blog). Mas se observarmos bem, falta-nos empresários visionários, apoios públicos para dar suporte às nossas cenas e a adesão das próprias comunidades, que ao invés de apoiar, dão razão à máxima de que “santo de casa não faz milagre”. Essa situação só pode mudar com um pouco mais de arrojo, de ousadia, de visão dos gestores culturais da nossa região. Aliás, poderia ser até uma iniciativa conjunta entre secretarias de cultura e de desenvolvimento. É muito comum que as cidades tenham seus distritos industriais e suas incubadoras de empresas. Porque não criarmos Incubadoras de cultura?
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