sexta-feira, 2 de outubro de 2009

ANTIGAMENTE É QUE ERA BOM!


Se tem uma frase que me irritava, era quando alguém mais velho me dizia: - Antigamente é que era bom! E ainda exemplificavam: - As mulheres se vestiam bem, os homens usavam ternos e os caçais dançavam boleros, salsas e salsas, sempre coladinhos. Achava isso de uma caretice sem tamanho. Imagine eu, um rapaz que gostava de usar calças rasgadas, camisas de malha com estampas de rock e tênis, me vendo numa situação daquelas? O cúmulo da cafonice. Pois é! Mas cada tempo tem seu figurino e seus rituais. E pra complicar a confusão, vivemos hoje a era da pós-modernidade, quando o antigo, o novo e o que virá se encontram. Pelo menos aqui em Belo Horizonte, tem vários bares e cursos de dança de salão cheios de meninas, adolescentes, balzaquianas, todas as gerações aprendendo a rodopiar com as danças dos tempos das nossas tataravós. Ao mesmo tempo quem tem essas festas retrô, tem as raves, com música eletrônica, alta tecnologia de luzes e drogas high tech. Tem ainda shows de pagode, de funk, de forró e da (argh!!!) música emo, uma das piores encarnações do rock em minha opinião. Mas aí apita meu sentido de aranha. Cá estou eu com aquela sensação dejavu de que ANTIGAMENTE é QUE ERA BOM. É que fui colonizado musicalmente pelo Yes, Pink Floyd, Led Zepelin, Deep Purple, ACDC,Beatles, Stones, Sex Pistols, The Clash, Genesis, Van Halen, Aerosmith, Nirvana, além dos mestres da MPB, Tom Jobim, Vinicius de Morais, Caetano, Gil, Rita Lee, Milton, Lô Borges, Toninho Horta Raul Seixas. Ah, tem também o pessoal do Rock Brasil, os Titãs, Barão Vermelho, Lobão, Cazuza, Paralamas, Lulu Santos, Legião. Olha que deixei de citar muitos hein? Mas pois é! Com essas referências, fica difícil gostar do conteúdo literário da galera EMO. Por um lado, isso me deixa com um tremendo complexo de estar ficando gagá, de estar perdendo a capacidade de me atualizar, de gostar do que é novo. Mas como sou dialético comigo mesmo, fico pensando e ruminando : será o povo que está preferindo mesmo esse estilo de rock baba romântico ou é a mídia que empurra isso goela abaixo do povo? Muito bem disse a Fernanda Takai do Pato Fú na entrevista que nos concedeu. A internet nos salva da massificação e da esterilidade das rádios sucesso. É só não termos preguiça de pesquisar, de navegar os mares virtuais e caçarmos tesouros musicais. Eu mesmo nos últimos tempos encontrei coisas geniais revirando sites como Myspace, Palco mp3, entre outros. Mais uma vez me vem a cabeça a frase do Titãs que resume tudo: Tudo ao mesmo tempo agora! Hoje temos toda a história da humanidade disponível numa grande nuvem cultural que paira sobre o planeta. Todos os ritmos, todas as etnias, todas as tribos, tudo está disponível. Nesse novo mundo que se descortina, o “antigamente” pode ser o “novo” e o “novo”, muitas vezes imposto pelo imperativo capitalista de lançar sempre produtos novos, pode ser rechaçado por uma nova humanidade emergente, mais seletiva na hora de escolher o que ouve, assiste, veste ou faz, diante de um grande self-service virtual onde cada um se serve apenas do que gosta. Tudo isso que foi falado, também me salva do ANTIGAMENTE É QUE ERA BOM. Todo tempo é bom. Cada um que escolha o fundo musical para sua vida. Finalizando, aproveito para me desculpar por ter levantado o assunto do FESTIVAL ROCK PIRA e por não ter noticias mais concretas para vocês, embora tenha prometido em vários artigos, divulgar as novidades. De qualquer maneira, os sonhos sempre antecedem os feitos. Só que muitas vezes, não dá para concretizá-los com a velocidade desejada. O projeto continua evoluindo sim, mas temos impasses que precisam ser resolvidos antes que possamos divulgar regulamento, premiações e dados mais exatos. Então, pedimos um pouco mais de paciência. O festival de Rock tá meio garrado, como se diz no popular, mas vai sair.

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