
- Nossa senhora. Que dureza. Nada pra gente fazer. Só barzinho e mais nada.
- Pois é. Bem que alguém poderia criar algumas coisas interessantes né? Uns shows diferentes, teatro...
- Mas o problema é que o povo reclama e quando tem ninguém vai. Vai entender...
- Acho que o povo gosta mesmo é de festas populares,cavalgadas e festas de peão. Nós é que estamos noutro planeta.
- Ah...não sei não. Acho que o povo gosta de cultura sim. O problema é que as pessoas engolem o que a mídia empurra. Se só toca sertanejo no rádio o povo só vai ouvir sertanejo. Não aconteceu isso com o funk? Agora que as rádios tão tocando menos funk, tem menos shows.
- É...mas Monlevade é um caso à parte. Aqui é uma cidade utilitária.
- Utilitária ? O que é isso?
- Utilitária quer dizer que as pessoas trabalham, trabalham, comem, dormem, trabalham, trabalham...não tem muito tempo pra viver.
- Ah...mas é como a gente tava falando. Não tem muita coisa pra se fazer também. Então o negócio é mesmo trabalhar e ganhar dinheiro.
- Mas do que adianta trabalhar tanto se você não aproveita bem o que ganha para ser feliz?
- Ah...mas é exagero da sua parte. Aqui é uma cidade que tem tudo. Tem comércio maravilhoso, uma indústria fantástica.
- É...mas falta o povo amar a cidade. Você já experimentou conversar com os jovens e perguntar a eles se gostam daqui?
- Não. Mas o que eles dizem?
- Uai...dizem que não gostam da cidade, que aqui não tem nada pra fazer , que a cidade é feia, que não tem um lugar bacana pra ir...
- Ah...mas a juventude também não se contenta com nada.
- A juventude nada. Nós mesmos estamos aqui tomando uma, mas lembra que no inicio da conversa nós mesmos reclamamos que não tem nada pra fazer?
- E você? Continua escrevendo poesias?
- Continuo sim. Escrever pra mim é uma terapia, um exercício vital para sobreviver.
- E você ficou sabendo do concurso literário que foi lançado?
- Não. Mas que concurso é esse?
- Rapaz...eu li no jornal. Parece que o concurso é para crônicas e poesias e o tema é “Valores da nossa gente”. Tudo a ver com essa conversa que estamos tendo.
- Sugestivo. Vou pensar no assunto. Mas você sabe onde consigo o regulamento?
- Olha, como trata-se de uma iniciativa da Fundação Casa de Cultura e da Prefeitura, imagino que esteja no site da Prefeitura. www.pmjm.mg.gov.br.
- Legal isso, hein? Nossa conversa até já me forneceu alguns subsídios.
- Pois é...e parece que tem uns prêmios bacanas também.
- Até que enfim uma boa noticia. Então tá...vou nessa então!
- Ei...espera aí...ainda tem meia cerveja na garrafa.
- Desculpe-me...mas a inspiração tá borbulhando e vou começar a escrever é agora mesmo.
- E a conta?
- Um dos valores da nossa gente é a generosidade. Pague aí que a próxima é minha!
Muito bem, Martino! É de pessoas positivas como você que nossa terra monlevadense anda precisando. Pessoas que reconheçam os
ResponderExcluir"Valores da nossa gente"!