Já postei sobre, mas como o texto recorrente foi para a minha coluna, resolvi retomar o assunto. Algumas pessoas vem reclamando nos blogs da cidade sobre as programações das rádios de João Monlevade e região. Para quem não é fã do estilo sertanejo realmente incomoda a monocultura reinante, mas o que fazer? Nas rádios de mercado quem determina a programação é o público, a audiência. Não por acaso, estive com o Weber Ferreira conversando por longo tempo sobre o assunto. Ninguém faz rádio para si, a não ser que seja excêntrico e tenha dinheiro para queimar...ou quem sabe quando a rádio pertence a uma fundação que não dependa de vender espaço publicitário para se sustentar. As rádios de Belo Horizonte não podem servir como parâmetros. A Rádio Inconfidência por exemplo, embora só toque MPB, é mantida pelo governo do estado, portanto se sustenta sem depender dos anúncios. Além do mais, em uma cidade com quase 3 milhões de habitantes você tem um público de pelo menos 250 mil pessoas que apreciam o estilo. Ai sim, com um público de uma cidade do porte de Governador Valadares dá para se fazer uma rádio voltada para um estilo apenas. Aliás, em Belo Horizonte existem outras rádios segmentadas, direcionadas para públicos diferenciados. Tem a Guarani, Alvorada e Antena, direcionadas para as classes A e B. Tem a 98, Pan e Mix, direcionados para o público jovem. Tem a BH, que pertence à rede Globo e EXTRA que pertence à rede Itatiaia, direcionadas para as classes B, C, D e E e a Liberdade FM, direcionada ao estilo sertanejo, primeiro lugar na grande BH há pelo menos 10 anos ( perdeu o posto para a Rádio Itatiaia que passou a transmitir também em FM). Isso tudo eu digo para tentar pintar o cenário da região. Todas as nossas rádios , sem excessão, executam mais ou menos as mesmas programações musicais. Mudam os locutores, as vinhetas, os conteúdos de jornalismo de cada veículo à partir de suas opções políticas, mas as programações são mais ou menos parecidas. Uma mudança do cenário teria de passar por uma mudança do próprio público, o que nos parece impossível no curto prazo. Portanto, continuaremos ouvindo Sertanejo e pop na Alternativa, Sertanejo na Global, de tudo um pouco na ALPHA, a programação de rede na Transamérica e também os sertanejos na Cultura e na Comunicativa. Quanto à audiencia das rádios locais, dizem que as pesquisas apontam a Cultura como a mais ouvida, seguida pela Alternativa. Só que a cultura tem uma programação e jornalismo muito voltados para as questões locais, sempre atacando a atual administração.São noticias que não dizem respeito às outras cidades. Por isso, imagino que a audiência da Alternativa em termos regionais seja bem maior. Trata-se de uma instituição muito sólida financeiramente, com anunciantes garantidos e bastante estruturada que não se incomoda nem um pouco com as críticas, pois ali todos sabem muito bem onde querem chegar e o coordenador não faz rádio para si, mas para o público. Portanto, assim como brinquei com o jornalista e ativista cultura Marcelo Melo dia desses, só se fizermos uma vaquinha pra montarmos uma rádio direcionada para pessoas como nós que apreciamos outros estilos que não os popularescos da moda. Até brinquei que a rádio poderia se chamar VAKINHA FM. Mas como já disse, só se for uma empreitada mantida por capitalistas excêntricos ( que não é o nosso caso) ou quem sabe por uma fundação. Acho até que a região tem público pra isso. Monlevade apenas não, mas se for feita uma pesquisa, pode até ser que existam patrocinadores dispostos a bancar tamanha empreitada. Quem se habilita?
O problema das rádios é cultural, ou melhor, falta de cultura. Infelizmente aqui não se respira cultura como em outros lugares. Um exemplo bem recente: Santa Barbara ira trazer Alceu Valença, e nos aqui temos que contentar com luan Santana (credo). Monlevade parou no tempo, já tivemos aqui dois cinemas no passado. Lembro que há dois anos um camarada tentou implantar lá no centro educacional alguma coisa parecido com cinema e teve grandes dificuldades com as autoridades do município. Infelizmente o nível cultural da cidade é nivelado por baixo. Acho que se alguma radio , seja ela AM ou FM , fizesse algum contrato com uma radio de BH para restramitir sua programação na intriga, colocaria a alternativa ou a cultura no bolso. Ai sim, com concorrência teríamos uma melhora na programação.
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ResponderExcluirCaro Ernane. O que mudou foi a cultura do povo. Certo dia, lançaram no Brasil a cultura self-service. A partir daí, o sujeito pode ir a um restaurante e comer o que quiser. Na música acontece algo parecido. As pessoas interagem com as rádios e determinam o menu. Quem servir o menu que interessa à maioria se estabelece. Não sei se haveria público em João Monlevade para uma programação musical para os públicos A e B. No entanto, como não tenho dados à respeito, fico apenas com a intuição. Quanto à possibilidade de se impor uma cultura sobre um povo, não cola mais. Não cola porque o povo tem o self-service musical. Cada um pode encontrar o que preferir na internet. Quanto às rádios, tentam tocar o que o povo quer ouvir. Agora, se alguém quiser fazer uma pesquisa séria para avaliar o público potencial para uma programação de alto nível, nada impede. Quem sabe até mesmo ilhas dentro das frequências existentes. Se acertado com uma empresa parceira, poderia ser comprado um horário dentro das programações das rádios existentes para programas segmentados. Seria um caminho possível.
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