domingo, 25 de setembro de 2011

JAIRO MARTINS E JOÃO MONLEVADE - UM CASO DE AMOR CORRESPONDIDO

O Jairo confessou ao professor Dadinho que não gosta do termo Trilogia. Ele deve ter suas razões. No entanto, como o Zé Geraldo falou na entrevista em seu programa de rádio, o ponto de encontro entre os 3 livros é João Monlevade. Não sei foi intencional ou espontâneo, mas o fato é que trata-se mesmo de uma trilogia, uma pequena coleção de 3 livros que tem Monlevade como ponto de insersecção. O Jairo deve ter se incomodado por tratar-se de um modismo e os artistas não gostam dessas coisas. Bom, o certo é que o lançamento foi um sucesso, com presença de pessoas de expressão nos cenários literário, musical, teatral, enfim, várias artes representadas. Isso das artes interagindo é muito legal e necessário. Vemos formar-se um público da cultura, com um segmento frequentando o evento do outro. Mas voltando ao lançamento dos livros, pintou um stress minutos antes, pela preocupação do Jairo e sua esposa com a demora da chegada da filha. Mas enquanto o coral se apresentava ela chegou e tudo virou alivio. Tudo fluiu muito bem. O locutor e mestre de Cerimônias Gláucio Santos fez as honras da casa com a competência de sempre. Cumprimentou as autoridades e convidou ao palco o Coral da ArcelotMittal regido pelo maestro Tó Vilela. Eles apresentaram os Hinos do Brasil e de João Monlevade. Depois, foi a vez de chamar ao palco o Professor Dadinho. Foi aí que eu compreendi o porque da reverência que a cidade faz ao mestre. O Professor fez uma apresentação maravilhosa, levou a platéia  por um passeio pelas àguas da história, destacou a importância da obra do Jairo para a compreensão da cultura local e chegou a citar falas do Gustavo no suplemento literário do Minas Gerais e até um texto em meu blog (o que muito me envaideceu). O Professor Dadinho  é um dos maiores oradores que já vi. O homem falava com propriedade tal, com tamanho envolvimendo da platéia, que não se ouvia um pio. E o texto falado fluia como se estivesse sendo lido. Vez por outra ele recorria às anotações por causa das citações, mas só como apoio. Até a noite de ontem eu não conhecia, mas agora entendo e também reverencio a estatura intelectual do Dadinho. Não é atoa que é uma unanimidade, respeitado por todas as facções políticas, acima dessas questões menores. Acabou de falar e entrou o Jairo. Embargado pela sequência de acontecimentos e pela fala do Dadinho, Jairo tratou de ler o que havia preparado especialmente para a ocasião. Tirou do bolso algumas páginas amassadas ( imagino que torcidas e retorcidas pela situação de stress antes do começo da cerimônia) e complementou o que o Dadinho havia falado. Nem precisava falar nada. Jairo já falava com os olhos, com o gestual, falava com o corpo, com a alma inteira. Depois foi a vez do prefeito Gustavo Prandini falar. Ele subiu e xingou o cerimonial:- "Como é que vocês me colocam pra falar depois do Dadinho e do Jairo? Não sobrou nada pra mim! Depois vamos ter de conversar isso, viu?". Brincadeira do Gustavo. Ele falou muito bem que o sentimento que ele tinha - e que a cidade também tinha de ter - era de gratidão, pois o Jairo estava com o conjunto de sua obra ajudando a dotar Monlevade das memórias que lhe faltam e que o mais fantástico de tudo é que ele ao invés de ir até o poder público para pedir alguma coisa, procurou para oferecer, para brindar a cidade com uma obra que inscreve definitivamente João Monlevade no mapa da literatura mineira. Foi uma fala breve, de uma pessoa que realmente ama a literatura e que tem sido sempre solícito e ativo para tudo que envolva cultura em nosso município. Depois, tivemos uma apresentação do pessoal da Cia do Infinito, uma intervenção pra quebrar o protocolo. A turma adentrou o espaço que ficou às escuras usando lanternas e usando de sons guturais, estalos de língua e sons onomatopéicos. Uma grande interrogação plainava sobre as cabeças. Mas a intenção era essa mesmo: configurar uma grande interrogação. Depois, Nataniel, um dos integrantes do grupo começou uma brincadeira instigante, desafiando as pessoas com perguntas e juntando outras interrogações pequenas à outras. Na sua fala captei a seguinte mensagem: um dia tivemos um Jean Monlevade, pioneiro, desbravador. Hoje temos outro Monlevadense aqui lançando esses livros fantásticos. Sejamos nós também artistas monlevadenses novos pioneiros, novos desbravadores, mostrando que temos muito a dar pro mundo. Assim como o minério, como o aço de monlevade está no mundo inteiro, nossa arte também pode ganhar espaços. Só depende de nós. A fala do Nataniel vem de encontro a um pensamento até de certa forma simplista que venho trabalhando: a cultura precisa ocupar espaços. Pintou um espaço mínimo e a gente ocupa com arte. Só assim a cultura será mais valorizada e chegará até um número maior de pessoas. Depois da apresentação da Cia do Infinito, tivemos várias peças com o Coral da ArcelorMittal. Maravilhosa apresentação, mostrando toda a dinâmica de um dos corais mais atuantes da região. Depois houve um coquetel e a certeza de que tivemos ali uma noite mágica, histórica, memorável. A se ressalvar também  o trabalho da sempre eficiente Juliana Albernaz do Cerimonial da prefeitura, a Marta, ao Doca, pessoal da comunicação, aos companheiros da Fundação Casa de Cultura, ao Gladevon, à Rosália, aos escritores e artistas que atenderam os nossos chamados. Eu posso dizer que fiquei muito feliz mesmo por ter ajudado de forma mínima e mais feliz ainda por ver a felicidade do amigo Jairo Martins ao obter o reconhecimento da cidade que tanto ama. Um caso de amor correspondido. ( aguardo as fotos, viu Guilherme de Assis).

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