O escritor George Orwell lançou um livro profético chamado 1984 que inspirou o espetáculo televiso conhecido como Big Brother. Ele erigiu uma obra de ficção em que todos se vigiavam, todos se delatavam, todos tinham se seguir a doutrina do “grande irmão” (big brother). O livro tem muitos detalhes interessantes e recomendo a todos, sem distinção. Mas quero falar sobre uma coisa presente no livro que não vi em nenhuma analogia. Embora o escritor intentasse fazer uma paródia com o comunismo, pintando um mundo futurista extremamente engessado nos preceitos de estado, acabou que o capitalismo é que se aproveitou de suas lições. No livro, os personagens utilizavam de uma linguagem nova conhecida como novilíngua, que era simplesmente uma simplificação da escrita clássica, visando impedir a reflexão, a análise profunda, o pensamento crítico, anulando qualquer possibilidade de rebeldia ou de questionamento do sistema. Aí fico pensando. Não estaria o capitalismo fazendo a mesma coisa? Quando vejo o conteúdo que é difundido pela mídia, quando vejo o coloquialismo tatibitati da internet, quando vejo os artistas que freqüentam as paradas musicais, quando vejo as falcatruas dos políticos e a impunidade vigente, tenho a impressão de que a novilingua capitalista já está instituída, que o senso crítico está amortecido, anestesiado, anulado. Fico até imaginando como a história vai classificar os tempos em que vivemos. Alguns a chamam de era da informação. Sei não. Tá mais pra era da hiper-alienação.
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