sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O POP ROCK DO AÇO


Pra falar sobre o cenário Pop Rock em Monlevade, vou começar transcrevendo um email que recebi. Esse email ilustra bem a situação da falta de oportunidade para as bandas locais. Vamos lá: “EM SE TRATANDO DA CENA POP ROCK TÁ UMA VERGONHA! PRIMEIRO OS MÚSICOS PRECISAM DE UNIÃO. TEM CARA QUE SÓ QUER TE DERRUBAR. ASSIM NÃO TEM COMO REINVINDICAR NADA!!!!ALVINÓPOLIS TEM MAIS BANDA DO QUE AQUI. É ENGRAÇADO ISSO, SEM TIRAR MÉRITO. OUTRA COISA QUE FALTA É ESPAÇO. EU ESTOU COM DUAS BANDAS. SE NÃO SÃO FESTIVAIS DE INVERNO NA REGIÃO E OUTROS TIPOS DE EVENTOS NÓS ESTARÍAMOS SÓ NA BASE DE ENSAIO. PROMOTER SÓ CONTRATA DJ. É FODAAAA!!!!MANDA VER AÍ,CONTO COM SUAS PALAVRAS. QUE ALGUEM ÀS ESCUTE!

Desabafo forte,né?

Bom, pra tentar explicar esse cenário, deixa eu fazer uma pergunta básica: qual o estilo preferido para qualquer adolescente que escolhe tocar guitarra? Resposta: é o Rock.

O garoto já pega a guitarra e fica louco pra aprender aqueles riffs mais famosos.

Só para exemplificar o que digo, deixa eu contar uma historinha.

Há alguns dias atrás me encontrei com o Marcelo do Hiper Comercial Monlevade no centro de Belo Horizonte. Ele foi a uma grande loja de instrumentos para comprar uma guitarra nova pro filho dele. O menino foi pegando a guitarra e lascou logo um dos riffs mais famosos do DEEP PURPLE. Por incrível que pareça, a referência ainda é os anos 70. E olha que o menino deve ter no máximo 12 anos de idade.

Com os outros instrumentos não é diferente.

O cara que quer tocar bateria, geralmente prefere o rock, assim como os baixistas e a maioria dos vocalistas.

Isso acontece porque é o estilo mais prazeroso de se tocar, onde os músicos, principalmente os mais jovens, podem demonstrar sua pericia e extravasar a energia inerente à juventude ( mais tarde os músicos acabam se apaixonando pelo jazz, mas aí já é outra história)

Só que acaba acontecendo outro fenômeno curioso.

Depois do sucesso do rock nos anos 80, assistimos a outros modismos musicais tomando conta dos pais e o público se afastou do rock, que no Brasil deixou de ser um ritmo das massas.

Assim, embora todos os dias nasçam novas bandas de rock, não existe público para o gênero.

Isso faz com que muitos músicos, amantes do estilo, acabem sendo contratados para tocar principalmente nas bandas sertanejas, que inclusive incorporaram muitos elementos do rock em suas canções.

O bom rock mesmo, rebelde, engajado, que desafia e propõe reflexões, anda meio em desuso.

As razões dessa decadência do gênero, talvez possam ser explicadas por um estudo sociológico mais aprofundado, mas vou tentar pincelar rapidamente. Os anos 80 foram de grandes revelações. Foi o fim da ditadura militar. Um de sentimento de liberdade e desabafo eclodiu e acabou desembocando numa geração que conseguia equacionar muito bem diversão e arte. Prova disso é que gerou letristas de primeira grandeza como Renato Russo, Cazuza, Arnaldo Antunes, Lobão, entre outros. Só que nos anos 80 os jovens acompanharam o movimento que podia ser resumido na frase da música Comida, dos TITÃS : "A gente não quer só comida. a gente quer comida, diversão e arte”. Depois dos 80, o país caiu numa época de populismo exacerbado e sobreveio uma avalanche de ritmos e gêneros populares.

O resultado é que a juventude já não quer mais conteúdo. Quer apenas diversão sem reflexão, algo como um corpo que dança sem cérebro.

As bandas de rock, para sobreviver, acabaram tendo de se adaptar e incorporaram ao ROCK o sufixo POP, criando assim o estilo conhecido como POP ROCK.

Na esteira da corrente POP ROCK vieram várias bandas como JOTA QUEST, SKANK, WILSON SIDERAL e outras. Esses grupos fazem um som com extrema competência musical e conseguem fazer tanto sucesso como os astros populares do país, mas para isso tiveram de abrir mão da rebeldia, do experimentalismo, da ousadia do Rock. Foi um caminho encontrado para fazer sucesso e sobreviver no mercado.


Falando sobre o cenário Pop Rock de Monlevade, tivemos ultimamente dois trabalhos de relevância. O primeiro, da Banda Calk, capitaneada pelo cantor Guilherme. Conheci a turma quando gravaram seu primeiro disco Demo, que tive oportunidade de produzir, juntamente com o Guilherme Fonseca, que tocou com República, Sideral, Sandy Jr, enfim... Impressionou-me muito o vocal do Guilherme. O garoto tinha um canudasso de voz e a energia jovem da moçada também era muito legal. Tivemos a oportunidade de fazer um show juntos no Marrocos que foi muito bacana mesmo. Na época, eles tinham como empresário o Jocely, pai do Guilherme, alto funcionário da Belgo Mineira. Com seus conhecimentos de Marketing, Jocely tinha um planejamento muito interessante para a carreira dos meninos. Depois eles lançaram um CD, continuaram fazendo shows, mas em algum ponto que não sei identificar, o trabalho se perdeu. De qualquer maneira, uma banda de grande potencial, que deve estar maturando por aí.

Mais recentemente, tive oportunidade de conhecer também a banda Infocus. Comecei a trocar figurinhas com o Marco, vocalista da banda pela internet. Ele me enviou algumas canções e gostei muito de algumas, principalmente da canção TUDO VAI DAR PÉ, que considero um hit pronto para estourar nacionalmente. O Infocus já faz um som mais pop do que rock e tem se apresentado nos melhores espaços de Minas. A banda está bem entrosada e o Marco tem uma voz muito limpa e afinada. A única ressalva que faço é que a banda deveria acompanhar mais o vocalista em sua movimentação de palco. As vezes parece que o vocalista tá dando o maior sangue e a banda fica alheia ao suor do garoto. Mas, nada que não se corrija com uma boa produção.

Aproveito para citar também outra banda que conheci no Festival do Aço, evento que promovi em parceria com a Rádio Alternativa: a banda Ênfase. A turma da Ênfase tem uma música (acho que chama-se RESPOSTA) que é uma das melhores canções pop que ouvi de bandas novas nos últimos tempos.

Imagino que no momento várias bandas novas devem estar sendo formadas em cada bairro da cidade e espero que a turma envie seu material, inclusive para que um segundo artigo atualizado sobre o cenário PopRock da Cidade. Por falar nisso, mais duas noticias sobre o Rock. Estamos unindo esforços para promover o ROCK PIRA III, evento que marcou época no final dos anos 90, uma oportunidade de ouro para os rockeiros da região. Para os fãs do República, estamos gravando um trabalho novo que vai se chamar AMERICAZ, gravado metade no Brasil, metade nos Estados Unidos.

No próximo artigo, escreverei sobre o ROCK PIRA, evento que marcou época na região e que deverá acontecer novamente em breve.

Um abraço a todos...

2 comentários:

  1. Ola Martinao, acabei de ler asua coluna no jornal...como de costume a primeira coisa que fiz foi ler o que vc tinha escrito. hehehe

    Gostei muito sobre o que escreveu e meu muito obrigado pelo elogio sobre minha musica e minha voz....

    sobre a carta que vc recebeu minha opiniao e que ralmente falta uniao, mas tambem falta muita boa vontade da parte das bandas de procurarem trabalho sabe...sempre ficam reividicando ajudas alheis, sejam das prefeituras ou de promoters, gente...esses caras nao vao se lembrar de vc se vc nao ficar importunando o sujeito....tem que se correr atras, ligar, procurar chamar pra conversar.....te conto que se agente ficar esperando convites agente nao faria 1/3 dos shows que fazemos e nem teriamoa metade das apariçoes

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  2. FALA MARTINO!!!SUA INICIATIVA É BACANA DEMAIS!!!!INCLUSIVE O MENINO DE MARCELO,O OTAVIO É MEU ALUNO DE GUITAR,O MENINO É FASCINADO POR ROCK,TEM UM FUTURO IMENSO.BOAS NOVAS,VAMOS ENCHER O SACO DESSAS PESSOAS QUE COMANDO ESSE SISTEMA,O MARCO AURELIO TA CERTO,TEMOS QUE SER CHATOS MESMO.SUCESSO CARA.EU GOSTO MUITA DA VIDA,EU SOU DEPRAVADO POR ARTE,SEDENDO DE COISAS NOVAS,CANSADO DE MESMICE!!!!ESTAMOS AI CARA!!!!SALVE HAI!!!DANIEL BAHIA

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