
Desta vez não teve chuva, mas teve rock e suas tribos. Na chegada ao estádio já tive oportunidade de conversar com pessoas que vinham de Nova Lima. Dai a pouco bati papo com um pessoal de Ipatinga. O público era outro. Muita gente de preto, modelitos punk, piercings, cabelos verdes. Pois é. Há muito tempo as tribos do Rock não se encontravam em Monlex City. O estádio estava bonito demais, bem iluminado (para alguns até muito) e havia no ar um clima de "puxa vida, que bacana isso aqui. Tomara que role mais". Havia tumulto na portaria, que não dava vazão ao público que chegava. A fila dava volta no estádio. Antes do show, o pessoal do som em princípio tocou alguns rocks, mas depois começou a tocar a banda Toto. Nada contra. Apenas muito certinha, muito musak para a ocasião. Fui lá e pedi pra trocar e aumentar o som. Melhorou. Botaram o Rapa e depois, um som da própria Pitty. De repente o meu amigo Weber Ferreira começou a falar ao microfone e chamou a banda local Infocus. Show bacana da meninada. Como estão com cancha de lançar disco novo, mandaram um show com a maior garra e conseguiram tirar um bom som do palco B. A voz do vocalista Marco Aurélio saiu límpida e achei interessantes as colagens que fizeram com riffs de clássicos de Rock. Até que finalmente chegou a hora do menu principal da noite. Weber foi para o palco principal e anunciou a atração nacional, a tão esperada Pitty. Quando a banda começou a tocar, senti que o som do baixo estava um pouco distorcido. Imaginei que era intencional, que estavam usando a distorção em favor da sonoridade. Mas à medida que o show foi evoluindo, notei que não era exatamente isso. A baiana arretada subiu e deu seu recado. Os fãs que se acotovelavam na frente do palco cantavam todas as músicas de forma alucinada. Pitty entremeou canções consagradas com algumas do novo CD. A banda mandou bem. O batera é um dínamo e as guitarras e baixos detonam um rock vigoroso, que em certos momentos flerta com o punk, com o grunge, além das canções românticas que não descambam para o pieguismo. Pitty sabe ser romântica sem ser brega. Só uma crítica que não vai pra ela, mas para o som. No show do Bartucada eu já fiquei cismado que o som ficou emboladão. Os graves não tinham definição e o volume estava muito alto, além do confortável. No caso de ontem, senti que aconteceu o mesmo. Os graves estavam distorcidos e a voz da Pitty ficou prejudicada. Para quem conhece todas as músicas, pouco importa, mas fiquei incomodado pelo fato de não dar pras pessoas sacarem as letras, afinal é exatamente esse o grande diferencial da roqueira baiana: ao contrário dos cornos teens dos Emos, Pitty tem o que dizer e diz com toda a potência. Não acho adequado dizer que ela é herdeira do trono da Rita Lee, mesmo porque tem posturas e verves diferentes. Mas não dá pra negar que seja o grande nome do Rock Feminino do momento, aquele Rock com "R" Maiúsculo que tá faltando no mercado. Valeu Pitty. Sei que muitos até torceram a cara, pois a região é meio terra de Marlboro. Mas foi bom pra lembrar que nem só de rodeios vive o homem.
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