Essa canção maravilhosa, que conheci com Sá e Guarabyra e que hoje descobri ser de Toninho Horta, mostra uma faceta muito interessante da brasileirada que adora o idioma inglês, apesar de não entender o que as letras querem dizer. Ouvi essa música na década de 80 e nunca saiu da minha cabeça. Trata-se de uma poesia lindíssima, de uma sensibilidade ímpar e que fala desse negócio das bandas de baile da época tentarem cantar os chamisglous, os forevers, os ai lovius, por apreciar a sonoridade, o charme das pronúncia. Eu sempre fui muito encanado com essa questão. Já tive banda de rock e só cantava em português. É que me incomodava cantar sem saber o que diziam as letras, além do sotaque, da provável pronúncia muito aquém da correta utilização da lingua. Mas a galera não está nem aí pra isso. Quer é entoar, imitar, mimetizar. Certa vez, acompanhei uma banda de baile por algumas cidades do interior. Notei que o cronner pegava as músicas a anota apenas as pronúncias pro cantor decorar. Mas tinha um cantor que não anotava nada e eu ficava impressionado com a memória do rapaz. Com sou muito conversado, perguntei a ele como é que fazia para decorar as letras e ele me falou que não decorava, que inventava na hora pois ninguém entendia mesmo. Era só pegar um slou e rimar com um splou. Um sblem com um stem e tava tudo certo. Mas engraçado que essa tendência continua até hoje. Não sei quantas vezes já me disseram que o Rock só funciona em inglês, que a lingua portuguesa é inadequada para o Rock. Eu fico invocado, pois acho que Cazuza, Renato Russo, Raul, Rita Lee, entre outros, merecem respeito. Mas a galerinha insiste: Rock só funciona em inglês. Mas aí é que está. Eu duvido muito que a galera tenha noção do inglês que canta. Acho que a turma continua no chamisglou. no falso inglês. Embora não seja a minha, por causa de um sistema meu ( não é coisa de velho pois sempre pensei assim), não posso recriminar e nem adianta. O pessoal vai continuar cantando seu falso inglês e o público também adora. Colonialismo cultural? Nem sei dizer. Seria ainda pior se o pessoal entendesse as mensagens, mas como não entende, vira tudo música apenas. O cantar acaba só tendo mensagem musical e não há nada de errado nisso. E viva o chamisglou.
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