O FIM DO MUNDO É O FIM DO MUNDO

O fim do mundo pode estar numa curva da 381. Pode estar num tombo idiota em que batemos a cabeça e morremos. Tem uma música do Biquini Cavadão que fala isso, que quando a gente morre o mundo acaba. É como diz um ditado antigo, o mundo acaba pra quem morre. Mas as últimas notícias catastrofistas me lembram uma época que vivenciei ainda na infância. A diferença é que na época não havia a internet para difundir. Mas a notícia corria mesmo. Várias pessoas diziam que o mundo iria arrasar. Diziam que na primeira vez foi o dilúvio e agora viria uma chuva de fogo. Diziam que apenas os escolhidos por Deus se salvariam. Lembro-me de duas coisas que minha mente infantil imaginou na época. Será que Deus vai colocar os escolhidos numa geladeira gigante? Lembro-me até que perguntei isso à minha mãe. Outra coisa. Perguntei a minha mãe se podia dormir debaixo da cama, pois não queria ver o fim do mundo que deveria ser muito feio. Pois é! Diziam que o fato ocorreria à meia-noite. Só que no outro dia acordei normalmente e nada do tal fim do mundo. Fiquei aliviado e fui jogar bola no campinho perto da minha casa. Agora vem esse negócio do fim do mundo no dia 21 de maio, daqui a menos de uma semana. Dizem que haverão terremotos no planeta inteiro e a carnificina será enorme. Dizem também que só os crentes se salvarão. Pensando geograficamente então, a India inteira, o Japão, a China, a Arábia e os países muçulmanos, todos serão riscados do mapa. Pra mim, o fim do mundo mesmo será ficar sem internet(rs). Mas falando sério, temos mesmo um planeta frágil. Qualquer desequilíbrio mais sério nas tais placas tectônicas pode desencadear uma série de desarranjos de proporções inimagináveis. Dependemos também da estabilidade do sol. Qualquer solavando maior do astro-rei e podemos ser fritos. Já os meteoros, imagino que os astrônomos teriam informações sobre um possível impacto. Agora, falando de Deus, a Bíblia realmente é um livro fantástico que transcende nossos parcos conhecimentos, mas sua interpretação é um outro caso. É um livro cheio de metáforas, de enigmas e muitas irmandades interpretam conforme suas conveniências. Se o dia 21 passar em branco, pode ser que a tal irmandade que faz a campanha do fim do mundo perca alguma credibilidade ou então que simplesmente diga ao mundo que foi apenas uma maneira encontrada de chamar às pessoas à reflexão. O marketing é fogo e já devem ter um plano de contingências. Agora, se o fim do mundo vier mesmo, vamos aproveitar o pouco tempo que nos resta para tentarmos melhorar como seres humanos, por que vamos e venhamos: essa competição selvagem, essa vida de rapina que levamos é o fim do mundo.