Há quem diga que o bem e o mal são dois lados da mesma moeda. Como na saga Guerra nas Estrelas, tem o lado bom e o lado mal da força. A escolha é nossa. Mas mesmo fazendo uma opção, as pessoas encontram estratégias para vivenciar o outro lado. Somos impelidos a optar pelo que as instituições religiosas ou ideológicas convencionam como justas e desejáveis. De certa forma é bom que seja assim. Se não houvesse interdições, não teríamos dúvidas em eliminar um inimigo que se interpusesse em nossa caminho. A sociedade tratou de enquadrar todo mundo nas amarras das leis. No entanto, não há como negar a existência desse mal que há em nós. Esse lado sombrio procura e encontra válvulas de escape. As artes sempre foram importantes para equilibrar um pouco as coisas. O arrebatamento, a catarse e os estados de consciência proporcionados pelas artes possibilitam que as pessoas possam, se não vivenciar, pelo menos experimentar certos sentimentos e atitudes. É por essas válvulas de escape que algumas pessoas podem pelo menos extravasar um pouco as perversões que todos de uma forma ou de outra carregam dentro delas. Por exemplo, tem pessoas recatadas, exemplos de moral e bons costumes, mas que adoram ver filmes de sacanagens, principalmente aqueles mais pesados de corar até a Bruna Surfistinha. Tem pessoas que se dizem pacíficas, de boa índole, mas que adoram ver filmes de matanças, daqueles em que os heróis decepam cabeças e esguicham sangue pra todo lado. Tem pessoas que adoram fazer discursos anti-drogas, mas que chegam inclusive às vias de fato, se embebedando e perturbando toda a família, as vezes apelando até para a violência. Isso talvez explique também a simbologia do rock, de usar tantos símbolos de violência, ódio, horror e profanação religiosa. É o jeito que os rockeiros arranjaram de dar vazão a esse lado selvagem. Músicas como "Born to be wild" retratam isso bem. É minha gente! Temos feras aprisionadas dentro de nós, doidas para que as libertemos no mundo. E há quem diga que as pessoas felizes são aquelas que conseguem equilibrar os dois lados. Os orientais parece que tem isso mais bem resolvido. A simbologia do Yin e Yang retrata isso bem. Parece que o maniqueismo é uma invenção ocidental. Mas...e você? É só bonzinho ou de vez em quando deixa os seus "demônios" darem uma volta pelo quarteirão?
Muito bom! Com referência à publicação do dia 08/12/11 - "Mistérios do Rock", fica aqui uma dica. Se você teme um rockeiro flamejando em seu rock: demônios, caveiras, zumbis e semelhantes, multiplique por dez o seu medo caso ele seja impedido de rockiar dessa forma. A realidade,em parte, é cruel e o ser humano é frágil, não nos conhecemos muito bem. Por isso o sobrenatural, o surreal, o fantasioso, enfim tudo que distancie o homem de sua concretude, quando usado de forma inteligente, pode lhe ser benéfico. Qual crente (religioso) não se sente firme e forte para enfrentar a semana após boas horas de culto ou missa no domingo? Qual headbanger não se sente quase feito de metal após "bater cabeça" num concerto de heavy? Enquanto perdurar o maniqueísmo as farpas sempre existirão e partindo de ambos os lados. Àqueles que escolheram um dos lados de forma radical, se lembrem que bem e mal se sustentam, um não tem sentido sem o outro. Por consequência, quem assume ser só do bem, não conhece o mal que tem. Portanto, mal sabe tratá-lo. Artisticamente é a melhor maneira de tratar o mal.
ResponderExcluirRapaz, valeu pra caramba o seu texto. Tái, rockeiros da cidade. Emerson Júnio escreve muito, pensa muito e quem precisar de letras bem urdidas, só falar com ele.
ResponderExcluirHehe, valeu! Nunca escrevi por encomenda, nem sei como funciona isso, mas tamo ai pra negócio.
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