sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

NOVOS BÁRBAROS


Embora a tendência da humanidade seja pela evolução tecnológica, física e espiritual, temos lá nossas recaídas na barbárie e há quem diga que isso pode ser benigno, principalmente para dar uma chacoalhada nos sistemas que nos regem ou nos escravizam. ´Os sistemas ideológicos e econômicos vigentes sempre tem suas maneiras de impor a ordem, quer dizer,  sua ordem. Durante milênios imperou a lei do mais forte, do mais apto. Aí os seres humanos se agruparam e o poder começou a ser imposto pelos que tinham os exércitos mais organizados, as melhores estratégias. Um tempo depois, a igreja e o medo de Deus imperaram durante a época medieval. Tivemos ainda os governos autoritários e despóticos que mantiveram a ordem através do terror e enfim chegamos aos dias atuais, em  que a força está com as grandes coorporações, exercida de uma maneira mais sutil, sem que as pessoas se apercebam. O poder hoje em dia é exercido através da acomodação às conveniências do consumo. As pessoas são adestradas pelo apelo dos desejos quase sempre artificiais criados por infalíveis campanhas de marketing. Vivemos encantados pelas maravilhas lançadas no mercado, pelo novo celular, pelos computadores, tablets, carros, sapatos, roupas, pela posse da última moda, fundamental para sermos aceitos e legitimados na sociedade em que vivemos. Neste mundo desenfreado, poucos conseguem estabilidade financeira,  ninguém tem reservas para demandas não imaginadas, afinal de contas, a instabilidade é necessária para manutenção da “ordem” do sistema. Nesta lógica, quando necessário algum capital de emergência, haverá sempre um financiamento fácil pra pagar em 80 meses. Imersos neste mundo volátil, as pessoas nem sequer tem tempo de questionar as políticas, a lógica, as falhas do sistema.  As massas são alienadas, dóceis, conformadas, com pouca ou nenhuma capacidade crítica. E desse tsunami ninguém escapa. Lá vamos nós, nos  esfolando para adquirirmos essas quinquilharias , pois elas são a senha para sermos aceitos na sociedade do descartável, do efêmero, do desperdício. Discurso pessimista? Em plena exuberância econômica? Aí é que está! O sistema tem funcionado a contento e passa uma ideia de prosperidade, de abastança. O consumo alimenta o comércio, que alimenta a indústria, que gera empregos, que gera melhoria em todos os setores, num ciclo aparentemente fechado.  Eu falei aparentemente. Não são ciclos? Os ciclos não pressupõem alternâncias de intensidade?  Basta uma queda acentuada de demanda para gerar desequilíbrios. Como o sistema precisa do consumo e até do desperdício, prefere as cigarras as formigas. Aliás, formigas para trabalhar e cigarras para consumir. Por isso, sejamos  revolucionários, orgânicos, solidários, conscientes do contexto em que vivemos, questionadores da lógica do sistema, integrados mas autônomos, libertários  e portanto bárbaros. Aliás, nada mais bárbaro que estamos em rede...ou na rede. 

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