
Se fossemos considerar todas as opiniões dos que vem falar sobre os rumos que o governo deveria seguir, não sairíamos do lugar. Imagine várias pessoas puxando uma corda como num cabo de guerra, cada um botando a mesma força dos dois lados. Iria acontecer o imobilismo, a inércia. Graças a Deus sou um bom ouvinte e gosto de pessoas. Estou sempre atento e quando alguém traz uma peça para o quebra-cabeças procuro encaixar. O problema é que muitas vezes a peça não encaixa e alguns desejos não tem como ser "atendidos". Alguns visitantes são moderados e acham que deveríamos ter uma postura light, estabelecermos boas relações e procurar botar panos quentes em todas as situações. Outros são nervosos e receitam métodos radicais, destratando as pessoas, aniquilando os inimigos, atropelando todos que se interpuserem no caminho . A maioria que chega, em princípio tem uma conversa amistosa , mas acaba descambando para as críticas e quase todos tem planos mirabolantes para apresentar, muitos até pertinentes desde que se aponte como conseguir recursos. Hoje estou dentro de um governo e vejo que a realidade é muito diferente da imaginada pelo cidadão comum. Existe um montante de dinheiro e muitas demandas a serem atentidas. Equilibrar o orçamento é complicado na medida em que os ventos da economia não vem soprando com a intensidade desejada criando o famoso efeito cobertor curto, quando se tem de atacar as prioridades e deixar algumas coisas para quando houver recursos. Só que isso é sempre dificil de explicar para quem precisa da prefeitura e ouve um não como resposta, mesmo que isso seja argumentado com cortesia. Não é sempre não, seja com cortesia ou grosseria. Pode ser até que seja um não provisório, mas tem de ser dito. Na assessoria em que trabalho, gostaria de poder resolver os problemas de todo mundo que nos procura, mas não posso. Estou exercitando a arte de dizer não, por mais que isso me chateie. Temos de ser acima de tudo honestos, ainda mais que integramos uma administração legalista que não dá margens aos antigos "jeitinhos", afinal de contas isso é tudo o que se espera de um governo: transparência e honestidade.
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