
Dizem que à medida que o tempo vai passando, nossos ouvidos vão preferindo sons mais tranquilos, mais limpos. Graças a Deus isso ainda não aconteceu comigo. Gosto de ouvir música alta. Gosto de sentir os graves batendo no estômago, gosto da catarse provocada pelo som potente. Gosto de música baixinha também. Gosto por exemplo de Vangelis, compositor grego que fez a trilha do filme Blade Runner e fez a delicada obra Antárctica. Gosto do clássico, do primitivo e do moderno. Gosto do jazz e do samba. Gosto de música de todo jeito. Percebo que a maioria das pessoas não tem muitas exigências com relação à qualidade musical. Aliás, na maioria das vezes, nem os vendedores das lojas tem a mínima noção do que é qualidade. Há poucos dias estive perambulando pela cidade, procurando um fone de ouvidos desses pequenos pra usar no meu mp3 player. A menina da loja me mostrou vários modelos e me sugeriu um deles, dizendo que era o melhor da loja, que era o que dava mais peso, mais volume. Experimentei num radinho de pilhas, fiquei meio na dúvida, mas levei. Quando cheguei em casa e liguei em meu mp3 player, que decepção. Não tinha grave nenhum. O volume era alto, mas estridente. Quem é músico, quem entende um pouco sabe do que estou falando. Como já toquei baixo, adoro os sons graves, gordões desse instrumento, que pra mim é como se fosse a pilastra das músicas. Com som exageradamente agudo, não dá pra sentir a profundidades de graves. Foi frustrante. Fiquei muito insatisfeito durante um tempo, até ir a Belo Horizonte e comprar um AKG, com excelente vedação e um som estratosférico.

Mas este fone é de estudio. Ainda quero ver se encontro um fone portátil bacana, mas acho que em Monlevade não vou encontrar. Hoje, ao sair caminhando pela Getulio Vargas, vi algumas meninas caminhando com seus Ipods genéricos ou não. Em sua maioria, os fones que vem com esses aparelhos são da pior qualidade, mas a maioria nem percebe ou se importa com isso. Essas pessoas perdem o melhor do som, que é a tridimensionalidade. Quando você ouve um som com qualidade é capaz de perceber sons em diversas camadas, em canais diferentes,enfim, com muitas riquezas impossíveis de serem percebidas com esses sonzinhos de qualidade inferior. Quem puder me indicar onde compro fones de qualidade, ficarei grato.
MÚSICA UTILITÁRIA
A música não tem sido curtida, mas consumida de forma utilitária, para distrair durante o trabalho, para dançar, para espelhar os romances, para passar mensagens sexuais, em suma, para entreter as pessoas. Mas não seria esse o sentido da arte? Entreter? Nada disso. Essa foi uma apropriação capitalista de um cinismo que não tem tamanho. A arte tem um sentido mais profundo, de educar, de provocar, de fazer pensar. Existe uma distorção muito grande quanto se tenta vender entreterimento como cultura. Entreter também significa adormecer, entorpecer, desestimular o pensamento. Nesse sentido, nunca escondi que fico bastante frustrado com os conteúdos veiculados nas músicas atuais, principalmente no Rock. Se a juventude encaretou, teremos uma geração reprimida, esperando um novo desbunde.
PRODUÇÃO INDUSTRIAL
Produção em série. Fórmulas repetidas a exaustão e sendo consumidas de novo. A dupla sensação não pode durar 6 meses, pois uma nova será lançada no verão seguinte para substituir o fenômeno de hoje. Mesmo parecendo tocar as mesmas músicas que foram sucessos na temporada passada, o povo não se lembra e compra tudo de novo. Depois do sertanejo universitário, só Deus sabe o que vem por aí. Será que virá um pós-doutorado sertanejo? O que esse povo anda criando deixa a gente arrepiado. Depois de Bruno e Marrone, Cesar Menotti e Fabiano, tudo pode ser.

CENA MARAVILHOSA EM JOÃO MONLEVADE
Fiquei muito surpreso positivamente com o número da artistas de excelente nível que encontrei por aqui. Vamos ver se criamos vitrines para expor toda essa maravilhosa safra.
Olha marcos, vai ser difícil você achar algum fone de qualidade aqui na terrinha. Para ser ter uma idéia, outro dia entrei em uma loja especializada em celular e perguntei se eles vendiam Smartphones, a vendedora perguntou o que era isso, em outra loja procurei um leitor de e-books e outra vendedora me veio com Bluetooth. É difícil viu!
ResponderExcluirMarcos,permita-me fazer apenas uma pequena correção técnica no seu texto, graves não devem nunca bater no estômago, seria indigesto demais, um mal estar danado e sinal de deficiência no sistema ou na operação do mesmo.Os graves devem bater sempre no peito. Um abraço!
ResponderExcluirCaro anônimo. Esse negócio da geografia de como se ouve músicas é um trem danado. Gostei da sua analogia. Realmente, no estômago pode dar azia. No entanto, sempre tive mesmo essa sensação dos baixos batendo no estômago. De qualquer maneira, seja como flor, no peito ou no estômago, importante é que os graves estejam presentes. Até ouço, mas detesta ouvir música sem consistencia de graves, médios e agudos bem definidos.
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