sexta-feira, 10 de junho de 2011

URBANÓIDES E VELHA GUARDA DA MANGUEIRA: ENTRE A VANGUARDA E A TRADIÇÃO

 
À tarde, já fiquei maravilhado com a passagem de som da Mangueira. Passei o resto do dia imaginando como seria o show à noite. Pelo menos de arte, não houve greve. Primeiro teve o espetáculo URBANÓIDES 2.0 no centro cultural. No inicio do espetáculo, bem no inicio mesmo, começou a soar um som estranho, como se fosse de chuva forte caindo. Imaginamos que fosse efeito especial do inicio do espetáculo. Aliás, uma sequencia bem urdida de coreografias inusitadas, com movimentos bruscos, ora poéticos, ora robóticos, retratando o que é a vida numa metrópole, de pessoas cheias de pressa na competição do dia-a-dia, pessoas conectadas, digitando, todos num ritmo alucinado, lembrando o filme Tempos Modernos, do Chaplin, mas um "Tempos Modernos" contemporâneo, digital, acelerado. O roteiro tem vários momentos retratando a sisudez do dia-a-dia, o alivio do happy hour e a volta à rotina no outro dia. Um espetáculo bastante diferente em termos de João Monlevade. Quando saímos do teatro percebemos que o som de chuva no início não foi efeito especial. Caiu o maior pé d'agua mesmo. Pensei comigo: Ô, São Pedro. Não era dia. Fiquei pensando no surdo e nos instrumentos de percussão da Velha Guarda. O curioso é que depois do teatro, fui caminhando até o local do show da velha guarda, juntamente com o Prefeito Gustavo Prandini. Ele preferiu ir a pé e eu, um caminhante inveterado adorei a ideia. Bom que fomos conversando sobre diversos assuntos, principalmente sobre o Festival. Quando chegamos ao local do show, o pessoal do som nos contou que estavam há um tempão tentando enxugar os instrumentos de percussão. De repente, começou a chover de novo. Chuva fina, mas que dava pra molhar. Ninguém arredou pé. Valeu à pena. Infelizmente, o som não estava tão bom como à tarde pois a chuva sempre prejudica em alguma medida. Achei também que em alguns momentos, a mixagem deixou a desejar. As vozes, principalmente das cantoras estava alto demais, escondendo o som do instrumental. Mas há de se considerar a chuva, que acaba jogando no chão todo o trabalho feito na passagem de som. De qualquer maneira, o som foi se ajustando no decorrer e ademais, parece que ninguém parecia se importar. Aliás, poucos percebem esses detalhes. Só mesmo chatos como eu (rs) . Estávamos diante da nobreza do samba. 


Havia ali um grupo de músicos magníficos, batuqueiros da nata carioca.  Emocionante ver e ouvir músicos históricos na ativa. Ali eram no mínimo 5 que passavam dos 70 anos. Show de bola. A bateria então, que coisa sensacional. Houve ainda uma interrupção de energia. Mas nada que diminuisse o entusiasmo. O cantor, compositor e mestre de cerimônias do grupo dava um show de simpatia e hipnotizava a platéia, enquanto sambas históricos iam sendo tocados.De repente, o cantor  começou a chamar várias muladas para sambar. Delírio total. Lindas meninas da cor de chocolate deixando os marmanjos de cabelo e outras coisas em pé.  Eu sai de lá com a alma literalmente lavada, com a sensação de que vi um show que levarei para o resto da vida, feliz, muito feliz. Os felizardos presentes, também se esbaldaram e sambaram como há muito tempo eu não via. Bonito também ver como nossa gente gosta de samba. E não um sambinha tipo pagode comercial, destituído de qualquer poesia e sentimento legítimo. Samba genuíno mesmo, da nata. Quero de público agradecer ao pessoal do NO ATO CULTURAL, ao destino e a Deus, que por vias tortas nos proporcionou tão belo espetáculo. E vem mais por aí...olhos e ouvidos atentos, pessoal.

3 comentários:

  1. Marcos,
    Infelizmente não deu para estar presente, mas fico feliz com o "start" para grandes eventos culturais que você e a casa de cultura tem captaneado. Isto é muito bom não apenas para a cidade, mas para incentivar a região a produzir mais material e conteúdo memorável.
    Embora curta muito mais rock do que samba, reconheço a qualidade e a história dos sambistas clássicos. E vamos subindo a montanha! Você está subindo os morros!

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  2. c fosse tao bao nao teria meia duzia de pessoa... em vez de investir e show de verdade fica trazendo velhos rocos... a unica coisa boa foi aquelas gostosas dançando!!!

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  3. Eu achei oportuno publicar o comentário, para que se possa sentir o nível. Tem quem ache engraçado. Eu nem sei o que acho.

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