sexta-feira, 4 de março de 2011

LICENÇA PARA ENDOIDAR

A minha banda República dos Anjos tem uma música chamada Carnaval no Hospício. O que a inspirou foram exatamente as maluquices que acometem as pessoas nos 4 dias de folia. Aliás, não sei se acometer é um verbo certo. Penso que o correto seria "licença pra endoidar", pra soltar a franga, beber até cair, tudo é normal. Pelo menos nos carnavais de Alvinópolis, já vi coisas que até Deus duvida. Já vi cidadão de responsa da sociedade descendo na boquinha da garrafa com gosto e sem vergonha. Já vi sujeitos sérios e religiosos vestidos de mulher, com todos os trejeitos femininos. Já ví neguinho vestido de juiz de futebol expulsando todo mundo da praça. Já vi tribo de índio invadindo as ruas, já vi árabes com turbantes dizendo que eram gênios e que iriam levar as meninas pra conhecer as mil e uma noites. Já vi colombinas, arlequins, bambans e pedritas, astronautas, ciganas, toda a fauna humana vivendo as fantasias mais malucas. No fundo é isso. Carnaval é fantasia. As pessoas entram nos personagens e as vivem. Nisso entram até pequenas perversões, inversões de papeis, vai saber. Outro aspecto da loucura são as substâncias estupefantes normalmente utilizadas. Na maioria das vezes é a própria caninha que deixa os homens corajosos mas com bafos de onça. Mas tem outras substâncias também. Há quem prefira mesmo tomar dezenas de garrafas de cerveja. Outros preferem bebidas mais over, como wisck, conhaque e a enfoguetada tequila. O que todo mundo quer é endoidar e esquecer a própria identidade para mergulhar num mundo de loucura. Tem também outras substancias, as ilícitas, que infelizmente campeam mesmo proibídas, como os lança-perfumes e lolós, estes mais perigosos ainda por serem fabricados sem nenhum cuidado. Carnaval é isso, uma licença para enlouquecer, pra se acabar no samba, nas marchinhas, no axé. No carnaval, as pessoas extravasam suas emoções reprimidas, muita gente até sai do armário. São 4 dias de férias pra seriedade, de sobriedade proibida e de sensualidade liberada e decantada em versos e prosas. Pros antigos, recordar é viver e os da chamada melhoridade ficam doidos pra ter um carnaval de marchinhas. No tempo deles também rolava muito loucura, só que não havia mídia pra reverberar. Se formos pensar, havia umas letras de marchinhas bem malucas, como aquela do transplante de coração do jacaré pra sogra ou mesmo como aquela de pegar a cueca pra fazer pano de prato. Mas é por isso que o carnaval é tão popular. E você? Já pensou na fantasia que vai usar no carnaval? Você mulher vai sair de odalisca? E você, homem. Também vai sair de odalisca? (rs). A unica coisa que dá medo é que tanta doidêra acabe em tragédia. Fica difícil conciliar loucura com responsabilidade. Infelizmente, tem gente que bebe além da conta e ainda fica valente. Tudo bem o sujeito tomar uma batida. O que não pode é exceder, pra que a batida não gere outra batida, dessa vez frontal...e letal.

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