FOFOQUISMO

Lembro-me das aulas de literatura na escola quando aprendíamos sobre os estilos de época. Imperavam o Arcadismo, eufemismo, romantismo, realismo, parnasianismo e outros ismos. Pois o que impera hoje, sem dúvida nenhuma é o fofoquismo. Que praga! Você vira as costas e as linguas de chicote já começam a trabalhar. Passam em revista a sua vida e só se encontram defeitos, coisas a se depreciar. Pra piorar as coisas, criam histórias mirabolantes, usam a imaginação para o pior. Se você é visto conversando com alguém, fazem até leitura labial. Se não conseguiram ouvir direito, não tem problema! O diálogo pode ser inventado. Por que essa propensão ao fofoquismo? Por que ver o companheiro pelas costas? E dá-lhe orelha pegando fogo. E dá-lhe veneno inoculado. Mas há um porém. Os fofoquistas são pegos pela repetição. Gostam tanto de um nhem-nhem-nhem que estão sempre nas rodinhas soltando seus petardos. Quando chegam, todos se aproximam para ouvir a última. Mas quando se afastam, todos descem a lenha nele. Fofoquismo pega. Como efeito colateral do fofoquismo, seus apreciadores ou praticantes tornam-se traíras, delatores, quando não inventam histórias para os chefes, no intuito de ganhar sua confiança e tirar os desafetos do caminho. Infelizmente há quem veja virtudes nas fofocas. Prova disso é que existem revistas, programas de tv e de rádio dedicados exclusivamente a esse, digamos, estilo de época. A coisa anda tão brava, que existe até jornal que já se adaptou, criando o "jornalismo candinha", aquele que se dedica única e exclusivamente a falar mal dos outros.