
Eis um assunto completamente sem importância.
Ninguém precisa de poesia para viver.
As pessoas precisam comer, beber, dormir,
moradia, vestuário e saúde.
Educação, só para o básico.
Lazer é importante, pois não dá
para ficar sem um futebolzinho,
sem um churrasquinho com cerveja
e sacanagem... muita sacanagem.
Quanto à tal da poesia, ah...
ninguém precisa de poesia.
As pessoas também precisam de trabalho,
de um emprego para passar o tempo
e pagar as contas.
Precisam também de fábricas
para fazer carros, computadores
e todo tipo de produtos.
Precisam ainda de aviões,
trens e navios para carregar o mundo.
Precisam de porcas, parafusos,
válvulas, chips e petróleo.
Mas poesia? De que serve a poesia?
O mundo precisa de técnicos em informática,
de influenciadores digitais,
de especialistas em internet,
de comerciantes, advogados, donos de bar,
jogadores de futebol, médicos, dentistas,
professores, contrabandistas,
políticos, prostitutas e cafetões.
Mas os poetas são uns inúteis.
Pra que poesia, se a vida real
é tão pragmática,
áspera e cruel?
Poesia, cultura, arte,
não são prioridades.
São supérfluos.
Esqueçamos Carlos Drummond de Andrade,
Mário Quintana,
Vinicius de Moraes, Pablo Neruda,
Cecília Meireles, Paulo Leminski,
Chico, Caetano, Gil,
Fernando Brant, Cazuza, Renato Russo
e esses vagabundos
que nunca gostaram de trabalhar.
Quanto a essas livros
todos cheios de bobagens,
vamos queimá-los
e fazer uma mega fogueira.
A chama será tão alta
que pode atear fogo nas nuvens.
E deixa eu parar por aqui,
senão vão me acusar
de poeta.
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