Marte é pertinho!
Li certa vez uma definição de cultura que por muito tempo acreditei ser a melhor " cultura é o conjunto de conhecimentos adquiridos por um povo para se adaptar a determinado lugar". Só que a vida vai nos mostrando outros ângulos e vamos derrubando os paradigmas. Dizem que é importante termos raízes. Pode até ser. Só que o logos mudou. O eixo migrou do local para o global de uma forma radical e a cultura mudou com ela. A coisa ficou tão vária, tão transfigurada, tão fragmentada, que não cabe mais definição. Tornou-se tão complexa que embarca tudo. E formaram-se tribos, guetos, lobbys, bancadas. Existe a cultura religiosa, a cultura rural, a cultura urbana, cultura negra, cultura cabocla, cultura nômade, cultura clássica, culturas e mais culturas emboladas num desarranjo que pulveriza a definição de cultura do inicio do texto. Existem também os preconceitos culturais. Um rockeiro não pode gostar de sertanejo. Um cantor gospel tem de policiar as letras dos seculares. O cara do funk não gosta de congado. Ah. Tem também a cultura do marketing dentro da música. Tem de lançar um ídolo, uma dupla nova a cada estação. O cara de dois anos atrás já está velho, vencido. E as músicas repetirão mais ou menos as mesmas idéias, mas o povo vai comprar tudo de novo. É indústria. Fabricação em série. Mas mesmo assim, dentro da democracia e do capitalismo, todos tem direito de consumir o que quiser dentro da legalidade. Eu acho chato o sujeito achar que seu gosto é que é bom, subir em cima de um pedestal e ficar xingando o gosto dos outros. Mas aí é que tá. É democrático também o cara reclamar. Então deixa o cara reclamar pra lá. É do direito dele. Mas só fechando aqui sobre definição de cultura, no fundo ela é metamorpha e adapta-se a cada imperativo da época, no nosso caso, o capitalismo. Para quem não se adaptar, o planeta mais próximo é marte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário