A música é capaz de acalmar as feras, enlevar os espíritos, sacudir os carnavais, motivar exércitos. Pois a música vai tentar fazer o que ninguém conseguiu até hoje: sensibilizar Brasília para a urgência da duplicação da BR 381. Existe uma rede de blogs e ativistas pró-duplicação. Sou um dos que está nessa cruzada há pelo menos 5 anos. Quem segue o blog Cenários, acompanhou o drama da perda de amigos próximos, de promessas não cumpridas, de pessoas que se entusiasmaram num primeiro momento e depois inexplicavelmente sumiram do front, dos políticos omissos que dão de ombros, dos motoristas suicidas que dirigem loucamente pela BR, das urucubacas, das idéias de campanhas educativas, do placar de acidentes na estrada e meta de acidente zero ( embora que devo admitir: aperfeiçoaram a ideia e deram o sugestivo nome de assassinômetro), das publicações de cada boa novidade, da comemoração da instalação dos radares, de um inicio de interação com o DNIT, logo interrompido, da fala até da presidenta de que agora sairia, dos escândalos de corrupção que interromperam a licitação até a conversa com o Aggeu no facebook. Naquele dia aconteceram dois acidentes marcantes, o que vitimou a Dona Geralda e com o ônibus com o 14 bis, também vitimando um técnico da banda. A indignação naquela noite foi muito forte e e foi naquele clima que falei pro Aggeu: - Puxa, já que você é um cara muitíssimo bem relacionado, quem sabe não consegue convidar músicos conhecidos para um show para chamar a atenção do Brasil para o drama da 381? Foi a faísca. Aggeu agiu. O sujeito tem uma enorme credibilidade, conquistada com muita qualidade musical e forte carisma. Aggeu começou a convidar os artistas e todos foram topando. O 14 Bis foi a primeira banda a ser contatada e topou de cara. Deverá homenagear o amigo que faleceu na BR. Todos temos nossos amigos pra homenagear. Que façamos uma corrente, uma oração bonita para os que de certa forma morreram por nós. São mártires de uma guerra insana. E precisamos lutar pelo fim da guerra. Não precisamos ter governo algum como inimigo. Só queremos que as coisas aconteçam. Muitos fincam bandeira em cima do fato de perder o sentido por não ser na BR. No fundo, todos tem um secreto desejo de agir na marra, de forma meio anarquista, peitando a autoridade do estado, xingando a polícia, paralisando tudo. Dá mesmo um comichão de radicalizar. Mas a proposta é outra. Os artistas querem cantar na paz. Foi assim com as Diretas Já. Foi assim em outros megashows engajados, como o "We are the world" do Michael Jackson ou o "Live aid". No fundo o que precisamos é que nos ouçam. Precisamos que o governo se sensibilize com o terror que vivemos. Expor cidadãos mineiros, brasileiros a essa roleta russa, essa ciranda da morte, faz lembrar os sorteios macabros nos campos de concentração da 2ª guerra. Sinceramente não sei se o pessoal de Brasília sabe da real gravidade da situação. Deveriam trazer a Dilma de helicóptero, assim como aconteceu com a tragédia na serra carioca. Como cidadão, agradeço ao Aggeu pela atitude despreendida, de ceder seu tempo e prestígio por uma causa que é de todos. Não acredito que será a ação definitiva. Mas não podemos negar que é a maior até hoje e vai deixar claro para o governo que o caldo está engrossando. Não será na BR, como todos queriam, mas Monlevade, como uma das cidade que mais sofre com os acidentes, tem legitimidade para receber o evento. Agora, cabe a cada cidadão fazer a sua parte. Tomara que venham pessoas de outras cidades também, afinal de contas "Nós somos a 381".
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