sexta-feira, 5 de agosto de 2011

CONSPIRAÇÕES


Enquanto isso num cafezinho de certa repartição pública...

- Olha aí se tem alguém vindo. Eu vou fumar um cigarro!
- Pode deixar que eu vigio.
- Menina. Cê viu que incompetência do Armando? Ele ganha aquele dinheirão e não faz nada!
- É mesmo, né? Quem merecia sentar naquela cadeira era você.
- Sabe o que acontece? Eu gosto desse serviço. A diferença é essa.
- Aqui, mas quem sabe se você conseguir fazer com que o chefe do nosso chefe saiba disso?
- Ah. Não sei. De repente o chefe do chefe tem rabo preso com o chefe e eu tô ferrada.
- Ah. Eu no seu lugar não pensava duas vezes. Sei lá. Fazia uma carta anônima.
- Tá certa, amiga. Vou pensar no assunto. Agora deixa eu apagar o cigarro e voltar pro serviço.

Alguns minutos depois.

- Pois não, Ana.
- Sabe o que é, Armando? Eu não poderia deixar de te contar, né? 
A sua assessora está preparando
um golpe contra você. 
- É mesmo? Mas o que exatamente ela está tramando?
- Está fazendo um dossíé para entregar para o chefão falando dos seus erros, 
chamando o senhor de incompetente?
- É mesmo? E o que mais?
- Falou que vai fazer uma carta anônima para o chefe.
- Nossa, Ana. Muito obrigado, viu? Eu vou tomar as minhas providências.
- Mas Armando. Não vai mandar ela embora, tá? 
Eu não quero prejudicá-lo também. 
Eu sou evangélica e não combina com a minha religião.
- Pode ficar tranquila. Agora pode se retirar...

Alguns minutos depois

- Pois não, chefe. O sr mandou me chamar?
- Sim. Recebi uma carta anônima falando sobre o senhor.
- É mesmo? Mas o que é que essa carta está falando?
- Está te chamando de autoritário, de incompetente e mais um monte de coisas.
- Mas e aí?
- Aí que vou juntar essa carta às mais de 800 cartas que tenho desse tipo, 
de pessoas reclamando dos chefes, uma das outras. Aff. Quer um wisck?
- Mas chefe? Tá bom. Vou aceitar um drink.
- Sabe o que acontece, Armando. 
Basta você se sentar numa cadeira de autoridade, 
de ascêndencia sobre muita gente,
para começarem as conspirações nos escalões inferiores. 
- Mas chefe, o que fazer?
- Já pensou se eu tivesse considerado essas cartas e mandado todo mundo embora? 
Ninguém tá satisfeito com nada. O ser humano é um eterno insatisfeito.
- Mas no caso das duas funcionários, o que as moveu foi uma ambição desmedida. 
Uma teria coragem de canibalizar a outra se necessário fosse.
- Armando. Faça-as cumprir com as suas funções e ponto final.
- Mas chefe. Não cabe uma repreensão?
- Quer um conselho? Finja que não sabe de nada, trate as duas bem, leve flores. 
É o melhor que faz. É até bom que sejam ambiciosas.
Quanto a essas conversinhas fiadas, vamos engolindo. 
Não tem outro jeito. Elas não vão parar com isso mesmo.
- Chefe. Me serve mais um wisck pra ver se o desaforo desce.
- Relaxe. Vamos falar sobre coisa mais importantes. 
Sobre o Cruzeiro por exemplo.
- Tá ruim demais esse ano...veja a que ponto chegamos. 
Tem gente comemorando a volta de Welington Paulista.
- E esse Papai Joel? Realmente estamos mal. O pior time dos últimos anos.

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