Essa foto é de mil novecentos a antigamente mas confirma a vocação do home pela sanfona.
Espero que depois ele me mande uma foto nova com seu cabelo de prata
No ano passado durante as Festas da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, tive a oportunidade de conhecer uma figura impar. Mas deixa eu explicar como o conheci. Eu fui ao palco armado na área externa à igreja para dar uma passada no som do violão, pra fazer um reconhecimento do equipamento disponível. Nisso veio em minha direção um senhor de cabelos brancos, fazendo uma piadinha atrás da outra. Gostei do sujeito. Ele ficou me olhando dedilhar o violão, chegou perto e comentou: - harmonia legal, hein? Olhei pra ele naquela: será que ele está gozando a minha cara? Do jeito que é gozador, só pode ser. Mas não! Ele ficou lá ouvindo e eu sem saber se ele era só o dono do som, se sabia tocar algum instrumento.Chegou a minha vez de tocar. Compús um repertório bem light. Depois de tocarmos não ficamos muito tempo. Nem me despedi do meu novo amigo. Eis que no outro dia voltei à igreja com a minha filha que ficou doida com o joguinho de pescaria que tinha lá. Assisti a missa e logo depois fui comer uns pasteizinhos pois gosto muito dessa cultura de barraquinhas e dos quitutes servidos. De repente, alguém começou a tocar um saxofone no palco. De longe, comendo um pastel, não conseguia ver quem tocava, mas fiquei admirado. Que sopro bonito, que sensibilidade. Fui furando a multidão para ver quem estava tocando e para meu espanto, quem tocava era aquele moço dos cabelos brancos do dia anterior. Fiquei encantado com o som que ele tirava do instrumento. Depois, aguardei para cumprimentá-lo. Agora eu entendia por que ele havia elogiado a harmonia. Estava diante de um mestre. O nome do sujeito é Luis Cássio. Dias depois, encontrei-me com o Luis e com mais um senhor na Praça Domingos Silvério. Estavam os dois caindo na risada, uma gozação atrás da outra. Ao me aproximar, ele falou pro amigo: esse moço é de Alvinópolis. O outro começou a contar história do tempo em que jogava bola no campo do alvinopolense pelos times de Monlevade. Bons tempos. Ai eu comecei a falar com o Luis, perguntando há quanto tempo ele se dedicava ao sax pra tocar daquele jeito. Ai ele me falou que não se dedicava. O amigo dele emendou: - Virgem Maria. Esse home toca 28 instrumentos e toca tudo muito bem. Não perdi a piada: -Uai, então estou diante de um polvo. O Luis não desmentiu na hora, divertindo-se com a situação, mas depois me afirmou que tocava sax, flauta, de tudo um pouco, mas que seu instrumento mesmo era a sanfona. Pensei comigo: Nú! Ele tocando sanfona então deve ser uma coisa de doido. Eu preciso ver isso. Esses dias voltei a me encontrar com o Luis Cássio e conversamos por um bom tempo. Comecei a pensar na produção de um show com o Luis com várias participações especiais, onde ele possa mostrar para os conterrâneos a finesse do seu toque diferenciado. Espero que os amigos me ajudem nessa empreitada. O que é bom precisa ser visto e ouvido. Graças a Deus, essa cidade não tem apenas negatividade e noticia ruim. Tem muitas almas raras e artistas de alto nível.
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