Não foi o Gustavo quem inventou a cavalgada. O evento já acontece há 23 anos, portanto, quer queiramos, quer não, já se configura como tradição na cidade. Falo isso com muita tranquilidade pois não sou exatamente adepto do gênero sertanejo. Até aprecio moda de viola, gosto de uma sanfona bem tocada, mas não me agradam as letras clichê do clichê, a industria de multiplicação de duplas pra durar uma temporada, enfim. Mas daí até a dizer que não tem cultura ali, uma enorme distancia. Como já falei, o fundo musical não me agrada, mas há cultura sim nos rodeios, na ocupação da cidade pelos cavaleiros que vem de todas as bandas, nas bandeiras, na tradição dos tropeiros e na participação das famílias tradicionais cuja história precede até a emancipação da cidade. Para os urbanoides, uma invasão: - Como pode tanta bosta de cavalo no asfalto? Mas para a maioria do povo que tem raízes rurais o evento é fundamental. O que me admira é que o Gustavo, mesmo sendo o prefeito que menos gastou com as cavalgadas, ainda assim é atacado como se fosse o que mais gastou. Parece que o esporte preferido de vários tem sido atacar, detonar nosso prefeito. Li algumas matérias que considero injustas e fora de propósito. Contestar a cavalgada e outras festas populares é contestar o Brasil do Lula, onde as massas, onde as classes C e D ascenderam com grande força. A grande maioria do povo aguarda ansiosamente a cavalgada e a tem como principal evento da cidade. Besteira ficarmos brigando com os fatos. Como diz o ditado, gosto cada um tem o seu, mas o gênero sertanejo não domina apenas em nossa cidade. Já tem alguns anos que é dominante do Oiapoque ao Chuí. Infelizmente para quem não gosta é uma tortura (até me incluo entre os conformados torturados). Outra coisa é que achei de péssimo gosto e desrespeitoso a utilização do termo "Casa de Incultura". Até certas mídias totalmente contrárias ao governo tem elogiado a cultura no Governo Gustavo Prandini. Disseram textualmente que a cultura após anos de marasmo está experimentando um renascimento. Mas temos de relevar certos arroubos. Pelo contrário: que tal positivarmos a relação? Considero o cenário local bastante fértil e não me canso de levantar a bola dos artistas locais e olha que qualidade não falta. Agradar a todos? Nem Jesus! Mas não tenho dúvidas de que avanços vem ocorrendo. Nesse sentido é até covardia comparar o Governo Gustavo Prandini com algumas administrações anteriores.
Caro amigo Martino, o termo "Casa de Incultura", que creio ser de minha autoria, justifica-se. Em João Monlevade, cidade na qual deposito todo meu carinho, assim como você por Alvinópolis, jamais abriu os braços à sua cultura, e isso vem desde os tempos de Acrísio Engrácio, um pioneiro com relação à cultura em nossa cidade, até os mais jovens músicos, sejam roqueiros, sejam sertanejos.
ResponderExcluirCriou-se aqui o vício comum à maioria das cidades brasileiras de trazer cultura com fins eleitoreiros, contratar cantores de fora, sem ligação nenhuma com a cidade, e não digo sem talento, pois talento cada um tem o seu. Só que Monlevade é diferente dessa maioria, aqui está plantada uma semente artística toda especial. Não conheço outra cidade do nosso porte com o potencial e história artística desse lugar.
Porém a cultura em Monlevade tem de se esforçar pra sobreviver, já que os investimentos privados nessa área são escassos e a Casa de Cultura...
Martino, digo isso pois pertenço a uma das mais importantes famílias dessa cidade com relação a cultura, e de todos os lados vejo a dificuldade encontrada por artistas locais de conseguir alguma coisa com a Casa de Cultura. Nunca há dinheiro, mas agora apareceu dinheiro e o que a Prefeitura fez? Financia show de mais um “famoso” cantor sertanejo de fora.
Estamos cansados dessa cultura politiqueira de todos os prefeitos de Monlevade. Estamos cansados de não ter dinheiro para produção de shows com artistas locais, mas ter para Clube do Cavalo contratar caro artista de fora. Estamos cansados dessa ploriferação da INCULTURA em nossa cidade.
No mais um grande abraço.
Raoni, ninguém nessa cidade ignora a importância da sua família. Muito pelo contrário. Vc sabe o que o quanto eu sempre elogiei o trabalho do seu pai. Aliás, cara, ele fez uma brilhante apresentação no préfolia do ano passado. Portanto, vc dizer que a prefeitura nunca dá dinheiro é uma afirmação leviana. Aliás, o termo dar dinheiro não me parece adequado. A Prefeitura contrata. Quanto aos shows de fora, também são tradição nessa cidade há muitos e muitos anos. Eu tava vendo fotos dos festivais lá da década de 70. Vieram aqui Roberto Carlos, Elke Maravilha, entre outros. A cidade sempre teve a tradição de trazer shows de âmbito nacional. Já faz parte da cultura da cidade. As pessoas esperam isso. Quanto aos artistas locais, a Fundação Casa de Cultura faz o que pode e na medida do possível está contemplando todo mundo. No carnaval que passou, outros artistas tiveram oportunidade, assim como seu pai teve no ano passado e por aí vai. Mas você é um rapaz novo, seu futuro é uma longa avenida pela frente e compreendo a sua indignação, por ser parte dessa família realmente admirável e acabar tomando as dores. Quanto à incultura, rapaz, não sei. A ausência de ponderação, de temperânça é que me soa como incultura, pra não dizer ignorância. Me desculpe a franqueza.
ResponderExcluirCaro Martino, acredito que esteja enganado com relação ao termo ‘dar dinheiro’, pois nunca usei referindo a incentivo municipal à cultura, até porque a classe artística não quer nada de graça de governo municipal (propina ou coisa do tipo), a classe artística quer é reconhecimento, apoio, incentivo e principalmente: valorização.
ResponderExcluirA palavra valorização parece mesmo ter fugido do vocabulário da nossa Casa de Cultura (ou incultura). Sou prova de relatos de diversos artistas locais, cuja grande maioria não assina ‘Roberto’, sobre as condições apresentadas por essa administração, assim como anteriores, para sua contratação: preços vergonhosos comparados ao talento de nossas ‘pratas da casa’ e já pré-estabelecidos.
Casa de Incultura sim Martino, por ser responsabilidade de um órgão público denominado CASA DE CULTURA DE JOÃO MONLEVADE trabalhar em prol da cultura da cidade, valorizando e subsidiando a cultura municipal; mas aqui a prioridade é trazer artistas de fora, e o que sobrar, dividem com meia dúzia de artistas monlevadenses.
Por fim, assumindo-me da sua franqueza que tanto admiro, não considero falta de temperança e ponderação defender os artistas de Monlevade, mas talvez você quem esteja correto e a Casa de Incultura esbanja ponderação e temperança, pois defender os artistas locais...
Grande abraço
Raoni, se eu sair conversando com vários artistas e pessoas ligadas à cultura, também encontrarei vários com os quais temos excelente relacionamento. Agora, a semente da discordia brota rápido. Ainda mais entre os artistas, que tendem mesmo à rebeldia. Se insuflados, se rebelam mesmo. Todo artista, tem no fundo um espírito de Ché Guevara, aquela tendência a pensar: "Hay governo, soy contra". Não tem jeito, Raoni. Não há palavra que eu diga que aplaque a sua revolta. O que podemos fazer é tentar fazer o nosso melhor. Agora, não vamos baixar o nível, pois apesar dos debates acalorados, respeito muito tanto vc quanto seu pai, com ou sem incultura.
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