Tava aqui pensando. Em pouco tempo aqui, travei contato com excelentes artistas, fiquei encantado com alguns trabalhos, mas muitos deles ou estacionaram ou perderam a força. Que coisa nesse negócio de perda de energia. A física explica. Um objeto é impulsionado no espaço, descreve uma trajetória, perde força e entra em declínio. Digo isso até para reflexões futuras. Todos as nossas ações vão passar pelas etapas de impulso, estabilização momentânea e decadência. Tudo tem seus ciclos, de maturação, de vida e as vezes de morte. Também acontece de um trabalho morrer e voltar mais forte. Isso vale para o que é pensado em longo, médio e curto prazos. Digo isso para falar das bandas, de alguns trabalhos que tive a sorte de conhecer. Há alguns bons mesmo, de tirar o chapéu, mas não basta. Por melhor que sejam certos trabalhos, os artistas tem de ser mais que bons. Tem de ter esse timming para retomar velocidade quando houver a percepção de perda de potência. É preciso criar fatos novos, buscar novos horizontes, ter ambições, lutar a cada dia, aperfeiçoar, treinar, suar, dar corda no sistema. E é preciso amar, almejar ( querer com a alma) e dar de si mais do que se imagina poder. E alguém terá de ficar atento para não deixar que a chama apague, que o motor afoge, que haja uma brochada geral. E vou dizer para vocês que não é fácil. Quem desenvolve um trabalho artístico sabe dos limites, das pressões capitalistas. Enquanto não der dinheiro, enquanto não enriquecer o artistas, enquanto não houver fama e halo de celebridade, trabalho artístico nenhum é legitimado. Fico muito preocupado com alguns trabalhos que passam por refluxos. Lembram-se dos tsunamis? Pois é! Os refluxos costumam ser mais destrutivos que os fluxos, pois vem na contramão, dizimam quando começava a haver alivio. Os artistas são frágeis e pouco racionais. Quantos excelentes trabalhos morrem sem sequer virem a público? Ainda mais em tempos de entressafra criativa. Como tudo vem sendo abalizado pela mediocridade, o grande público faz ouvidos moucos para os bons conteúdos musicais e literários. Tem de ser meio cactus para sobreviver no deserto. Mas não é o fim. Já tivemos outras entressafras e essa não será a última. São os fluxos e refluxos. Em época de vacas magras, a arte desce para o underground, onde se recicla, entra no casulo e renasce borboleta, explosão de cores e arrebatamento. E ademais, os fluxos e refluxos são leis do universo. O negócio é entrarmos na cadência.
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